Resultado da balança comercial reflete esforços para abertura de novos mercados

Enviado Sexta, 05 de Setembro de 2025.

No primeiro mês do tarifaço, as exportações brasileiras para os EUA caíram 18,5%, mesmo os produtos isentos da sobretaxa tiveram queda nos embarques. O minério de ferro, por exemplo, teve as exportações zeradas. E, por que isso aconteceu? O presidente Donald Trump criou tamanha incerteza que muitas empresas decidiram parar de comprar. Ao mesmo tempo, o Brasil aumentou a sua importação do mercado americano em 4,6%, confirmando a nossa situação deficitária na relação comercial com os Estados Unidos. Isso reforça a injustiça em relação ao Brasil, atingido por uma exigência, uma chantagem do governo americano, que pede a interrupção do processo contra Jair Bolsonaro.

Chamo atenção para o aumento, no mesmo período, de vendas para outros países, o que levou a balança comercial de agosto a fechar com um incremento de 3,9% nas exportações. Houve uma alta nas vendas de quase 30% para a China, de 40,4% para a Argentina e de 43,8% para o México. Meio no susto, que foi a implementação da sobretaxa por Trump, o Brasil começou a fazer um esforço de ampliação de exportações para outros mercados.

A dúvida é qual o espaço para ampliar as exportações ainda mais para esses mercados e aí há alguns entraves. A pauta das vendas à China é completamente diferente da para os Estados Unidos, o que dificulta o redirecionamento das exportações que teriam como destino o mercado americano para o chinês. Já os produtos exportados para a Argentina são bastante semelhantes aos enviados para os Estados Unidos. A questão é a instabilidade da economia argentina, que aprofundou a crise, com a perda do valor do peso, após escândalo envolvendo a família Milei. Então, é tudo muito incerto.

O que é certo é que os exportadores brasileiros estão fazendo esforços para abrir novas frentes, como mostram os dados da balança comercial de agosto. Mas também estão trabalhando para reabrir o mercado americano, indo aos Estados Unidos, contratando advogados lá, buscando interlocutores com a estrutura americana para tentar reverter a sobretaxa americana, tirar essa crise da frente, mas é muito difícil porque os argumentos de comércio não estão valendo.

O Brasil deve fazer mais negociações com parceiros comerciais. Aliás, não só o Brasil, países do mundo inteiro estão se movendo em outras direções, procurando novos parceiros e novos acordos diante da política protecionista de Donald Trump. Um dos reflexos desse movimento é o avanço do acordo entre Mercosul e União Europeia, que estava parado há muito tempo.

Fonte: O Globo