Tarifaço pode causar impacto de R$ 123 milhões no PIB do Rio, aponta pesquisa

Enviado Segunda, 11 de Agosto de 2025.

Expectativa é que 2% das exportações do Estado sejam atingidas pelas tarifas anunciadas por Donald Trump

O tarifaço americano de 50% sobre produtos brasileiros deve causar um impacto de R$ 123 milhões no Produto Interno Bruto (PIB) fluminense, segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). A expectativa é que 2% das exportações da região sejam atingidas. Atualmente, o Rio de Janeiro é a segunda unidade federativa brasileira que mais envia produtos para os Estados Unidos.

O petróleo, o ferro e o aço, principais produtos exportados pelo Rio de Janeiro, ficaram de fora do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump na última terça-feira, 6. Os itens siderúrgicos já haviam sido taxados em 50% no dia 4 de junho. De acordo com a Firjan, os setores mais afetados no Estado são os de alimentos e bebidas, borracha, plástico, produtos químicos, têxteis e pescados.

A economista, professora e pesquisadora Cristina Helena de Mello afirma que o impacto da medida sobre os preços dos produtos ainda é incerto.

"O efeito final sobre preços é duvidoso. No curto prazo, em que a produção foi realizada com expectativa maior de vendas, o escoamento da produção pode ocorrer com redução de preços", explica. "Contudo, precisamos avaliar no médio prazo como vão reagir as diferentes cadeias de produção", adverte.

Cristina também chama a atenção para o risco de depreciação cambial. "Uma redução do resultado da balança comercial pode significar menor disponibilidade de moeda de reserva e seu encarecimento. Assim, a depreciação cambial pode encarecer importações de insumos e pressionar preços nos setores em que a importação representa custo de produção significativo."

A coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faculdade Mackenzie Rio, Fernanda Brandão Martins, avalia que é possível mitigar as perdas.

"Os exportadores brasileiros precisam usar este momento para buscar novos parceiros comerciais que os tornem menos dependentes do mercado americano, diante do cenário de incerteza e de protecionismo que predomina na política comercial dos EUA", explica.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio RJ) avalia que o momento é "estratégico":

"A Fecomércio RJ defende a prioridade no aproveitamento da maior oferta interna para controlar preços domésticos e expandir mercados, e não adotar medidas paliativas que apenas elevam gastos com pressão inflacionária. O momento é estratégico para promover programas como o Made in Rio e reforçar a agenda exportadora com inteligência comercial, previsibilidade e confiabilidade institucional."

A Firjan aponta que 48 municípios fluminenses exportaram para o mercado americano em 2024 e podem ser impactados. Hoje, os EUA são o principal investidor externo direto no mercado brasileiro e o segundo maior parceiro comercial do Brasil, registrando superavit de US$ 7 bilhões em 2024.

"A Federação das Indústrias do Estado do Rio reforça a importância da mobilização de entes públicos e privados para a formulação de iniciativas de apoio às empresas afetadas, de forma que seja possível mitigar os impactos em receita e arrecadação, mas, principalmente, proteger postos de trabalho", declara a entidade em nota.

Impacto no mercado de trabalho fluminense

Uma pesquisa realizada pela Firjan revela que 60% dos empresários fluminenses esperam impactos das medidas em seus negócios no curto prazo, principalmente na queda de receitas, no aumento dos custos operacionais e na redução das exportações. Além disso, 42% dos entrevistados admitem temer a possibilidade de precisar demitir funcionários.

Gustavo Coimbra Costa, diretor de Recruitment Solutions da LHH Brasil, diz que o tarifaço já afeta novas contratações.

Fonte: O Dia