Comércio pela internet sobe 97% de 2019 a 2023
Enviado Sexta, 08 de Agosto de 2025.Número de empresas varejistas com vendas pela rede aumenta 97,6% entre 2019 e 2023, aponta Pesquisa Anual do Comércio
O Brasil experimenta, desde 2019, um crescimento consistente do número de empresas varejistas com vendas pela internet. Impulsionada mais fortemente a partir da pandemia, esta forma de comercialização de produtos era adotada por 1,9 mil companhias em 2019 e passou a ser utilizada por 3,7 mil varejistas em 2023, um crescimento de 97,6%. Os dados constam da Pesquisa Anual do Comércio (PAC) 2023, divulgada nesta quinta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento, que considera o estrato certo da PAC, mostra que, em 2019, 4,7% das empresas varejistas tinham comercialização pela internet, fatia que pulou para 8,6% em 2023. Estrato certo é o grupo de companhias que tinha 20 ou mais pessoas ocupadas ao fim do ano de 2023, além de empresas com menos de 20 funcionários, mas com elevado nível de receita.
“Desde 2019 houve um incremento muito forte das vendas pela internet. Foi intuitivo por causa da pandemia. As pessoas passaram a comprar mais pela internet do que fisicamente nas lojas ou outros canais de venda”, diz Marcelo Miranda, técnico do IBGE responsável pela pesquisa.
Entre os 22 segmentos analisados pela pesquisa, o comércio varejista de informática, comunicação e artigos de uso doméstico detinha o maior percentual de empresas do estrato certo com vendas pela internet, com 19,7% do total. A seguir, 17,6% das companhias do estrato certo do comércio varejista de material de construção tinham vendas pela rede em 2023, enquanto o percentual do comércio varejista de tecidos, vestuário, calçados e armarinho tinha 15,9% de suas empresas do estrato certo com vendas pela internet.
Em termos de faturamento, a PAC mostra que a receita bruta de revenda oriunda da internet teve o seu boom em termos de participação nas vendas totais durante a pandemia. Em 2019, ano imediatamente anterior à crise sanitária, 5,3% da receita bruta de revenda das empresas do estrato certo vinha da internet, patamar que passou para 8,4% em 2020 e para o pico de 9,8% em 2021. Em 2022 esse patamar caiu para 9,1% e voltou a recuar, para 8,8%, em 2023.
O comércio brasileiro como um todo teve, em 2023, receita operacional líquida de R$ 7,1 trilhões, com valor adicionado bruto de R$ 1,2 trilhão. O setor empregava 10,5 milhões de pessoas naquele ano, com o pagamento de R$ 325,7 bilhões de salários, retiradas e outras remunerações. No total havia 1,5 milhão de empresas comerciais, com 1,7 milhão de unidades locais.
Entre os três grandes setores do comércio, o atacado liderou em termos de receita, com R$ 3,5 trilhões, enquanto o comércio varejista faturou R$ 2,9 trilhões, e o comércio de veículos, peças e motocicletas, R$ 646,2 bilhões. O varejo tinha 7,7 milhões de empregados em 2023, o atacado empregava 2 milhões, e o comércio de veículos, peças e motocicletas, 902,9 mil.
A pesquisa também atualizou a margem de comercialização, razão entre a margem de comercialização e o custo das mercadorias revendidas, que ficou em 29% em 2023, maior desde 2019. Apesar da alta, a taxa ainda está abaixo de uma década atrás. Em 2014, era de 30,6%.
O IBGE destacou que, entre 2014 e 2023, o comércio de veículos, peças e motocicletas viu a taxa da margem de comercialização saltar de 20,3% para 23,4%. No sentido contrário, a taxa da margem de comercialização do comércio varejista recuou de 39,4% para 39,1%; e a taxa do atacado caiu de 25,1% para 22,5% no mesmo período. “O comércio varejista tende a ter maiores margens. O atacado, por vender em maiores volumes, tenta ganhar no volume e não especificamente na venda do produto em si. A pesquisa apenas externa essa realidade”, diz Miranda.
Fonte: Valor Econômico