A campanha de Paes ao governo do Rio a todo vapor
Enviado Sexta, 01 de Agosto de 2025.Nos últimos trinta dias, a Gávea Pequena, residência oficial do prefeito do Rio, vem sendo palco para cenas explícitas de traição ao presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), pré-candidato a suceder Cláudio Castro assim como Eduardo Paes. Sem postagens em redes sociais ou registros em agendas, virou rotina usar o local para receber secretamente aliados do deputado estadual.
Na quarta-feira de manhã, Paes recebeu os deputados federais Doutor Luizinho, presidente do PP do Rio, e Altineu Côrtes, do PL, além de Bruno Bonetti, suplente do senador Romário e homem de confiança de Valdemar Costa Neto no Rio. Procurados, Altineu e Bonetti negaram o encontro. Luizinho não retornou as ligações. Os três pediram a Paes para a informação não ser vazada, afinal, em tese, estão engajados na candidatura de Bacellar para governador.
O desconforto com a candidatura da direita no Rio é geral. Altineu e Bonetti desconfiam que Bacellar não cumprirá um acordo feito para a troca de comando na Alerj no ano que vem, quando está previsto que o deputado assuma o comando do Palácio Guanabara com a saída de Cláudio Castro para concorrer a senador. O parlamentar do PL gostaria de emplacar no posto o deputado estadual Douglas Ruas, filho do prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson (PL). Na política fluminense, é dado como certo, contudo, que Bacellar também prometeu a presidência da Alerj para o deputado Chico Machado, do Solidariedade.
Já Luizinho nunca gostou de Bacellar, mas teve que aceitar uma aproximação com o presidente da Alerj no fim do ano passado para evitar uma CPI sobre o escândalo da infecção de pessoas com o vírus do HIV após receberem órgãos transplantados no Rio. O deputado, que foi secretário de Saúde de Castro, é primo de um dos sócios do laboratório responsável pelos procedimentos criminosos.
Na semana passada, Luizinho já havia encontrado Paes na Gávea Pequena, conversa revelada pelo jornalista Ricardo Bruno no site 'Agenda do Poder'. Na reunião, falou-se até no nome do ex-prefeito de Nova Iguaçu, Rogério Lisboa, do PP, como um possível vice de Paes no ano que vem. Marcello Faulhaber, marqueteiro do prefeito, acha esta a melhor opção para a chapa em 2026.
A mesma Gávea Pequena também havia sido aberta para outros aliados de Bacellar em junho. Os prefeitos de Areal (Gutinho Bernardes) e Levy Gasparian (Cláudio Mannarino), da recém-criada federação entre PP e União Brasil, foram recebidos na residência oficial com direito a cerveja, vinhos e petiscos. Conversas com Paes também tem sido mantidas por dois dos principais prefeitos do PP no Rio - o prefeito de Volta Redonda, Antônio Francisco Neto, e o de Campos dos Goytacazes, Vladimir Garotinho, que já declarou publicamente que não apoiará Bacellar em 2026.
Paes tem dedicado quase todos os seus fins de semana para viagens por cidades do Rio. Como observou a jornalista Berenice Seara do site 'Tempo Real', o prefeito aposentou o seu chapéu panamá, um dos grandes carimbos da sua carioquice tão rejeitada no interior. Agora, desfila uma coleção de chapéus de vaqueiro, visitando exposições agropecuárias no interior do Rio. Entre sábado e domingo passados, Paes esteve com os prefeitos Bruno Junqueira, de Sapucaia, e Welberth Rezende, de Macaé.
As demonstrações de fraqueza da candidatura de Bacellar coincidem com a demissão do ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), da secretaria de Transportes. A exoneração foi feita pelo próprio deputado estadual, que assumiu o governo após uma viagem de Castro para a Europa. Na ocasião, Bacellar estava incomodado com as fotos de Reis e Paes em uma série de agendas. Por isso, políticos hoje preferem encontrar o prefeito escondido para não sofrer retaliações do presidente da Alerj. "A candidatura de Bacellar está mantida. Ele não vai desistir", afirma o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, negando os rumores das últimas duas semanas de que o deputado estadual desistiu da disputa.
Nas pesquisas que tem em mãos para o Palácio Guanabara, Paes está na liderança das intenções de votos e seus adversários não conseguem marcar sequer dois dígitos. O cenário confortável é muito diferente da véspera do início das outras duas corridas eleitorais para governador que participou. Em maio de 2006, Paes, então filiado ao PSDB, tinha apenas 4% das intenções de votos em pesquisa do Datafolha, atrás dos então senadores Sérgio Cabral (35%) e Marcelo Crivella (18%), e da então deputada federal Denise Frossard (10%). Ele acabou terminando a disputa em quinto lugar, atrás do trio e do petista Vladimir Palmeira. Em agosto de 2018, Paes, então filiado ao DEM, tinha 12% das intenções de votos em pesquisa do Ibope, atrás do então senador Romário (14%), mas empatado com o ex-governador Anthony Garotinho (12%). Depois, o hoje prefeito do Rio foi para o segundo turno, mas foi derrotado pelo ex-juiz Wilson Witzel, que tinha apenas 1% das intenções de votos.
Tamanha folga nas pesquisas tem feito Paes se dar ao luxo de disparar críticas ao PT, aliado histórico em eleições na cidade do Rio, mas considerado um calcanhar de aquiles quando a disputa em questão envolve todo o estado. Nas últimas duas eleições, Jair Bolsonaro foi o candidato a presidente mais votado nos principais municípios fluminenses. Na sexta-feira passada, em almoço na Associação Comercial do Rio, Paes afirmou que "o país estaria muito melhor se estivesse sob a gestão do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD)". Na segunda-feira, em debate no GLOBO, deu mais alfinetadas no governo Lula. Disse que discorda das iniciativas do Planalto na área da segurança pública e afirmou que a União poderia dar sinais mais claros no tema corte de gastos e ajuste fiscal.
"Mesmo com Paes costeando o alambrado, vamos apoiar o candidato do Lula no Rio. E se ele for o Paes, iremos com ele", diz um conformado líder do PT, na Câmara deputado Lindbergh Farias, que no ano passado uma abriu dissidência no partido para apoiar o deputado Tarcísio Motta, do PSOL, contra Paes.
Sim, há muitas frases motivacionais ao longo das páginas, algumas bastante clichês. Mas também há boas histórias sobre empresas privadas e lideranças políticas que tiveram que buscar soluções para problemas do dia a dia.
Exemplo de uma delas: no capítulo "É certo aquilo que funciona", Holiday conta a história de duas empresas americanas produtoras de frutas que queriam adquirir os mesmos dois mil hectares de terras na fronteira entre Honduras e Guatemala. O problema? Dois habitantes locais alegavam possuir a escritura daquela plantação. A empresa grande, a United Fruit, gastou dinheiro com poderosos advogados para investigar quem era o verdadeiro proprietário da área. A menor foi mais prática. O dono se encontrou com os dois supostos proprietários e acabou comprando o terreno de cada um deles. Ou seja, ele pagou duas vezes pelo terreno, mas resolveu o problema. "Esqueça o livro de regras, solucione a questão", ensina Holiday.
São muitos os livros relevantes do autor. "O pai estoico: uma reflexão por dia sobre paternidade, amor e como criar filhos incríveis" é o que estou lendo agora. Ele funciona como uma obra em que você lê uma página por dia ao longo de um ano. Além disso, Holiday lançou 'O ego é seu inimigo', 'A vida dos estoicos', 'A quietude é a chave' e 'Diário Estoico'.
Fonte: O Globo