Começa a valer o aumento do etanol na mistura da gasolina
Enviado Sexta, 01 de Agosto de 2025.Medida tem como objetivo reduzir dependência externa do Brasil em relação aos combustíveis fósseis
Entrou em vigor nesta sexta-feira (dia 1º) a nova mistura de gasolina com 30% de etanol anidro — o chamado E30. A medida, prevista na Lei do Combustível do Futuro, busca reduzir a dependência externa por combustíveis fósseis, estimular a cadeia do etanol e ampliar os ganhos ambientais.
O E30 deve reduzir o consumo da gasolina A em até 1,36 bilhão de litros por ano, o que fará com que o Brasil deixe de ser um importador líquido do produto. De acordo com o MME, a expectativa é que 760 milhões de litros por ano deixem de ser importados, gerando um excedente exportável de até 565 milhões de litros.
Dados da consultoria Argus, com base em estimativas de importadores, indicam uma redução imediata de até 125 mil m³ por mês nas compras externas de gasolina. No primeiro semestre de 2025, o país importou cerca de 1,04 milhão de m³, uma queda de 12% em relação ao mesmo período de 2024, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
— Em agosto já devemos observar uma diminuição dos volumes, pois importadores se afastaram das negociações ao longo de julho. Além da menor necessidade, a atual janela de arbitragem também está pouco favorável para a importação — afirmou Gabrielle Moreira, especialista em combustíveis da Argus.
Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), responsável por coordenar os testes e a transição, o novo percentual substitui parcialmente a gasolina fóssil por etanol, reduzindo a necessidade de importações e o impacto cambial sobre os preços
“Além de reduzir a dependência do Brasil em relação à gasolina importada, a medida deve baixar o preço da gasolina para o consumidor e gerar impactos positivos sobre a inflação. Também estimula o consumo de etanol, reduz as emissões do setor de transporte e amplia investimentos na cadeia produtiva da cana-de-açúcar e do etanol”, disse o MME em nota.
A adoção do E30 só foi autorizada após a realização de testes coordenados pelo MME e conduzidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia, que comprovaram a viabilidade técnica da mistura para veículos e motocicletas movidos exclusivamente a gasolina.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que participou do grupo de trabalho coordenado pelo MME, considerou os resultados positivos. Segundo Gilberto Martins, diretor de Assuntos Regulatórios da entidade, os testes envolveram tecnologias representativas da frota brasileira atual e não apontaram impactos negativos na durabilidade ou no desempenho dos motores testados, desde que a qualidade do combustível esteja de acordo com as especificações.
— A adoção do E30 é considerada uma medida relevante no processo de transição energética. O etanol já é uma solução consolidada no Brasil, com reconhecidos benefícios ambientais, especialmente na redução das emissões de CO2 ao longo de seu ciclo produtivo — afirmou Martins.
Ele destacou ainda que o país já dispõe de infraestrutura de distribuição e reabastecimento, e que a tecnologia flex — capaz de usar 100% de etanol — é uma aliada nesse processo.
Sobre a possibilidade de elevar a mistura para 35%, conforme autorizado por lei, a Anfavea defende que novos testes técnicos sejam realizados para garantir segurança e compatibilidade com os veículos atuais e os que ainda estão em desenvolvimento.
Fonte: Extra