Setor público consolidado tem déficit primário de R$ 47,091 bi em junho, diz BC

Enviado Quinta, 31 de Julho de 2025.

Resultado refletiu déficits de R$ 43,527 bilhões do governo central, de R$ 954 milhões dos Estados e municípios e de R$ 2,610 bilhões das estatais; em 12 meses até junho, houve superávit de R$ 17,925 bi, o equivalente a 0,15% do PIB

O setor público consolidado fechou junho com déficit primário de R$ 47,091 bilhões, conforme divulgou o Banco Central (BC) nesta quinta-feira (31). Em junho do ano passado, o resultado havia sido deficitário em R$ 40,873 bilhões.

Os dados do setor público consolidado envolvem governo central (formado por Previdência e Tesouro, além do próprio BC), Estados, municípios e estatais. Ficam fora da conta empresas do grupo Petrobras, além de bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

O resultado de junho refletiu um déficit do governo central de R$ 43,527 bilhões e um déficit de R$ 954 milhões dos Estados e municípios. As estatais tiveram déficit de R$ 2,610 bilhões.

Em 12 meses até junho, por sua vez, o superávit alcançou R$ 17,925 bilhões, o equivalente a 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 12 meses até maio, o superávit estava em 0,2% do PIB.

Dívida

A dívida bruta dos governos no Brasil somou R$ 9,389 trilhões em junho, o equivalente a 76,6% do PIB. Em maio, o indicador estava em 76,1% do PIB (R$ 9,265 trilhões).

De acordo com o BC, a variação mensal da dívida pode ser explicada por efeitos altistas como os juros nominais apropriados, de 0,7 ponto percentual (p.p.) e das emissões líquidas de dívida, de 0,5 p.p. Por outro lado, a variação do PIB nominal teve impacto baixista de 0,5 p.p. e a valorização cambial também contribuiu para uma alta menor em 0,2 p.p..

A dívida líquida do setor público não financeiro ficou em 62,9% do PIB em junho (R$ 7,702 trilhões). Em maio, estava em 62% (R$ 7,548 trilhões).

De acordo com o BC, a variação mensal pode ser explicada por um efeito altista de 0,4 ponto percentual (p.p.) do PIB do déficit primário, de 0,5 p.p. do PIB da apropriação de encargos da dívida e de 0,5 p.p. do impacto cambial. O efeito da divida externa foi baixista em 0,2 p.p. e a expansão nominal do PIB teve um efeito também baixista de 0,4 p.p..

O setor público consolidado registrou déficit nominal, que inclui despesas com juros, de R$ 108,107 bilhões em junho. Um ano antes o resultado havia sido de déficit de R$ 135,724 bilhões.

O resultado nominal de junho refletiu um déficit primário de R$ 47,091 bilhões e uma conta de juros de R$ 61,016 bilhões.

Em 12 meses até junho, por sua vez, o déficit nominal alcançou R$ 894,388 bilhões, o equivalente a 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Em maio, estava negativo em 7,58% do PIB. A conta de juros até junho somou R$ 912,313 bilhões, ou 7,45% do PIB, vinda de R$ 946,147 bilhões ou 7,77% do PIB em maio.

Os dados não incluem empresas do grupo Petrobras. Os bancos estatais também não entram na conta, pois as estatísticas se referem ao setor público não financeiro.

Elasticidade

O BC atualizou hoje as elasticidades das dívidas líquida e bruta do setor público a seus principais indexadores. Para a dívida líquida, a valorização de 1% do câmbio leva a um aumento imediato de 0,07 ponto percentual do PIB, ou R$ 8,5 bilhões. Para cada aumento de 1 ponto percentual da Selic, mantida por 12 meses, há elevação da dívida de 0,47 ponto, ou R$ 57,4 bilhões. Já um aumento de 1 ponto na inflação, mantido por 12 meses, eleva a dívida em 0,16 ponto, ou R$ 19,8 bilhões.

No caso da dívida bruta, a valorização de 1% do câmbio gera queda imediata de 0,08 ponto, ou R$ 10,2 bilhões. Para cada elevação de 1 ponto da Selic, mantida por 12 meses, há elevação de 0,43 ponto da dívida, ou R$ 52,4 bilhões. Já cada aumento de 1 ponto na inflação, mantido por 12 meses, eleva a dívida em 0,16 ponto, ou R$ 19,6 bilhões.

Fonte: Valor Econômico