Tarifaço de Trump pode custar R$ 830 milhões ao Rio de Janeiro
Enviado Quarta, 23 de Julho de 2025.Grupo criado por Cláudio Castro estima impacto de R$ 830 milhões no Rio com tarifaço de Trump. Setores mais atingidos serão petróleo, aço e pesca.
O Rio de Janeiro já tem uma estimativa inicial dos estragos provocados pelo tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: R$ 830 milhões. O valor equivale a 0,7% da economia fluminense e foi apresentado nesta terça-feira (22) ao grupo de trabalho criado pelo governador Cláudio Castro (PL) para lidar com o impacto da medida. As informações são de Berenice Seara/Tempo Real.
Comandada por Castro e pelo secretário-chefe da Casa Civil, Nicola Miccione, a primeira reunião contou com representantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, da Firjan, da Fecomércio e de outras entidades ligadas à indústria e ao comércio. Os dados foram apresentados por Fernanda Curdi, secretária interina da pasta econômica.
De acordo com os números, os municípios mais atingidos deverão ser Rio de Janeiro, Duque de Caxias, São João da Barra e Volta Redonda, com destaque negativo para os setores de petróleo refinado, ferro e aço semimanufaturados e pesca — este último já sentindo efeitos da medida mesmo antes de sua entrada em vigor.
“O Rio de Janeiro é o segundo maior estado exportador para os EUA, e essa medida pode afetar diretamente a nossa economia”, postou Cláudio Castro em suas redes sociais.
Em 2024, o estado importou R$ 8,9 bilhões dos Estados Unidos e exportou R$ 7,4 bilhões. Com o desequilíbrio na balança, há expectativa de que um eventual movimento recíproco — ou a ameaça dele — sirva de ferramenta diplomática. Já com a China, a situação seria outra: o Rio exportou R$ 16,8 bilhões e importou apenas R$ 1,7 bilhão no mesmo período. Ou seja, se a briga fosse com Pequim, o estrago seria bem maior.
Apesar do baque previsto, há um respiro: o petróleo bruto, principal item da pauta fluminense de exportações, deve ficar fora das taxações — e, mesmo se incluído, tem mercado garantido em outros destinos, o que evita impactos diretos nos royalties de arrecadação.
A maior preocupação é com pequenas e médias empresas, que podem ser as primeiras a sentir os efeitos, especialmente nos setores industriais e pesqueiros. O impacto, segundo o grupo, deve ser mais social — com riscos de desemprego — do que puramente econômico.
Para a próxima reunião, o dever de casa é detalhar os efeitos em cada setor. Está prevista também a presença do cônsul-geral dos EUA no Rio, Ryan Rowlands. Por enquanto, o governo fluminense não fala em qualquer tipo de auxílio direto aos empresários afetados.
“Em até 10 dias, vamos apresentar uma posição oficial, ouvindo o setor produtivo, analisando dados e propondo soluções que protejam a população e a competitividade das nossas empresas”, afirmou Castro.
Mesmo diante da pressão política, Cláudio Castro evitou qualquer comentário sobre Trump, seus motivos ou sua relação com a família Bolsonaro — origem do problema que esquentou a diplomacia. Preferiu se ater aos dados e impactos econômicos, repetindo o modelo de gestão compartilhada adotado durante a pandemia.
O Rio foi o primeiro estado a montar um grupo de trabalho para tratar da questão — sinal de que, no campo econômico, Castro quer evitar que o estrago seja maior do que precisa ser.
Fonte: Diário do Rio