Brasil pode se beneficiar do "tarifaço" de Trump, diz Pedro Campos
Enviado Quinta, 24 de Abril de 2025.Apesar das tensões globais provocadas pelas tarifas de Trump, o deputado vê no cenário atual uma chance de o Brasil ampliar sua presença internacional desde que, segundo ele, enfrente seus próprios entraves tributários e produtivos
Enquanto o mundo aguarda os novos rumos da guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos de Donald Trump, o Brasil pode enxergar, no meio do furacão, uma brecha para crescer. É o que defende o deputado federal Pedro Campos (PSB-PE), que participou nesta terça-feira (22/4) do evento Prioridades Legislativas 2025, promovido pela Amcham, na Câmara dos Deputados.
O encontro reuniu parlamentares e representantes do setor privado para discutir as 20 principais propostas que podem destravar o desenvolvimento econômico do país; entre elas, o comércio exterior ganha destaque.
Em um cenário internacional tenso, no qual os EUA elevaram tarifas sobre produtos de diversos países, inclusive da China, o Brasil acabou ficando com uma das menores alíquotas, de 10%. Isso, segundo Campos, representa uma oportunidade clara de avanço.
“O Brasil é um país que tem ótimas relações diplomáticas com todos os países, inclusive com os próprios Estados Unidos. Se você for ver dentro da taxação que foi imposta pelo presidente Trump, o Brasil ficou na menor percentual de imposto. Isso é importante porque abre a oportunidade para que o Brasil possa crescer mercados, buscar novos mercados e se consolidar enquanto um exportador também”, reforçou o parlamentar em entrevista ao Correio.
Apesar da leitura otimista sobre o cenário externo, Pedro Campos apontou que o país precisa olhar para dentro e fazer a lição de casa. Melhorar o ambiente de negócios e enfrentar gargalos estruturais, especialmente aqueles que envolvem o sistema tributário, são passos essenciais para aproveitar as oportunidades internacionais.
“A gente precisa fazer um papel dentro do Brasil, de melhorar o nosso ambiente de negócio, melhorar a legislação do ponto de vista tributário. [...] Ainda temos resíduo tributário que é exportado e diminui a nossa competitividade”, disse.
O deputado também destacou a importância de o Brasil superar a lógica de país exportador de commodities e investir no fortalecimento da indústria nacional. Para ele, o Brasil precisa avançar rumo a uma nova matriz exportadora, mais tecnológica, inovadora e com maior valor agregado.
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“O Brasil precisa mudar também o seu perfil de exportação, que não seja apenas um exportador de commodities, possa avançar exportando mais valor agregado e também sendo um exportador de serviços, já que hoje nós somos muito mais importador de serviço do que exportador.”
Entraves
Durante o evento da Amcham, também foram discutidas as dificuldades que o Brasil ainda enfrenta no comércio exterior, mesmo com saldo positivo na balança comercial. O problema, observou o deputado, está na qualidade do que se exporta e no tipo de emprego que isso gera internamente.
“O Brasil é superavitário na sua balança comercial, mas tem desafios principalmente em relação à qualidade das exportações e importações. Exportamos muito mais produtos com menor valor agregado e importamos produtos que têm maior valor agregado. Isso acaba fazendo com que o nosso bom resultado comercial nem sempre seja um excelente resultado na geração de empregos de boa qualidade.”
No que diz respeito aos serviços, Campos chamou atenção para uma distorção grave: o Brasil ainda exporta com imposto em alguns casos.
“Apesar de o Brasil ter uma balança comercial positiva nos serviços, nós ainda importamos mais serviços do que exportamos. E temos problemas mais básicos para resolver, como a questão da tributação, de que em alguns casos nós exportamos serviços com imposto. Isso não é a prática do mundo inteiro.”
Fonte: Correio Braziliense