Trump promete anunciar hoje tarifas sobre aço e alumínio

Enviado Segunda, 10 de Fevereiro de 2025.

Medidas atingem cerca de US$ 14 bilhões em bens exportados por Washington, ampliando a tensão entre os países

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que anunciará hoje tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. No domingo, falando com repórteres no avião presidencial Air Force One, Trump disse que as tarifas serão aplicadas às importações de metais de todos os países, sem especificar quando entrariam em vigor.

Se confirmadas as tarifas, o Brasil será afetado, uma vez que 48% das exportações de aço brasileiras têm os Estados Unidos como destino, informou a agência Associated Press. No caso do alumínio, esse percentual é de 16%. Um total aproximado de US$ 6,5 bilhões em vendas desses materiais aos americanos seria impactado com as novas taxações, de acordo com a AP.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que não se pronunciaria no domingo sobre a decisão de Trump. O tema é debatido internamente pelo governo. As discussões envolvem, além do MDIC, o Palácio do Planalto, o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Agricultura.

A sobretaxa nas vendas de aço e alumínio do Brasil para os Estados Unidos ocorreu também na passagem anterior de Donald Trump pela Casa Branca. Naquela ocasião, o próprio setor privado americano pressionou pela flexibilização da medida, uma vez que utiliza o aço brasileiro em sua produção.

Trump também disse que anunciaria nesta semana tarifas recíprocas sobre países que tributam importações dos EUA. Essas tarifas não entrarão em vigor no mesmo dia do anúncio, que pode ser terça-feira ou quarta-feira, mas logo depois, afirmou Trump. As medidas são as mais recentes de uma série de tarifas anunciadas pelo presidente americano sobre países e setores específicos.

Novas tarifas sobre o aço podem repercutir nas empresas de energia dos EUA, de desenvolvedores eólicos a perfuradoras de petróleo que dependem de componentes especiais não feitos nos Estados Unidos. Algumas empresas de petróleo ganharam exclusões de tarifas sobre o metal durante o primeiro mandato de Trump. Muitos compradores e vendedores de aço e alumínio esperavam que teriam pelo menos até março para se preparar para qualquer implementação de tarifa. Trump atrasou para março as tarifas planejadas para 1º de fevereiro, quando o México e o Canadá ofereceram propostas modestas para aumentar a segurança nas fronteiras.

Não ficou imediatamente claro se as tarifas ainda se aplicariam ao México e ao Canadá. As duas nações são fornecedoras significativas de metais para os EUA. A escala das ambições tarifárias gerais de Trump também permanece incerta.

Trump também afirmou que imporia tarifas sobre vários outros produtos importados, incluindo farmacêuticos, petróleo e semicondutores, e disse que está considerando taxas de importação à União Europeia. Na semana passada, ele impôs uma tarifa de 10% sobre produtos chineses. Pequim também anunciou medidas retaliatórias programadas para entrar em vigor no fim deste mês (mais informações em China impõe sanções retaliatórias aos EUA).

Isso marcou uma abordagem mais cautelosa da China do que no primeiro mandato de Trump, quando as duas maiores economias do mundo negociaram taxas comerciais de retaliação por anos.

Os novos impostos sobre aço e alumínio propostos por Trump podem novamente abalar os mercados financeiros globais, que sofreram mudanças bruscas nas últimas semanas, quando o presidente dos EUA ameaçou os parceiros comerciais do país com tarifas adicionais.

Embora as tarifas sobre importações de metais sejam geralmente defendidas por alguns sindicatos importantes nos EUA e por alguns produtores nacionais de aço e alumínio, elas correm o risco de aumentar os custos de insumos para uma ampla gama de fabricantes americanos. Em 2023, os EUA importaram US$ 50,5 bilhões em aço e US$ 27,4 bilhões em alumínio, enquanto exportaram US$ 22,8 bilhões em aço e US$ 14,3 bilhões em alumínio.

O presidente americano não disse exatamente como pretendia aplicar as tarifas recíprocas que prometeu anunciar nos próximos dias. “É muito simples: se eles nos cobram, nós cobramos deles”, afirmou.

 

 

Fonte: Valor Econômico