Juros do cartão de crédito seguem altos, apesar de nova lei que limita cobranças

Enviado Segunda, 27 de Janeiro de 2025.

Segundo dados do Banco Central, os juros do parcelado caíram de 183,2% para 171,2% ao ano no mesmo período

O Banco Central divulgou nesta segunda-feira (27/1) que a taxa média de juros cobrada no rotativo do cartão de crédito subiu de 445,9% para 450,5% ao ano entre novembro e dezembro de 2024, um aumento de 4,6 pontos percentuais. Já os juros do parcelado caíram de 183,2% para 171,2% ao ano no mesmo período. Ao se considerar o juro total do cartão de crédito — que combina rotativo e parcelado —, a taxa recuou de 82,1% para 76,9%.  

Esses números foram divulgados após a implementação, em 3 de janeiro de 2024, de um limite legal para os juros cobrados nas operações de cartão de crédito. A legislação aprovada pelo Congresso Nacional estabeleceu que os encargos do rotativo e do parcelado não poderiam ultrapassar 100% do valor principal da dívida, caso os bancos não chegassem a um acordo, situação que foi confirmada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).  

Embora as taxas anuais divulgadas pelo Banco Central superem o limite legal, isso não significa, necessariamente, que os bancos estejam descumprindo a lei. O registro do BC reflete um cálculo estatístico baseado na extrapolação das taxas cobradas mensalmente pelas instituições financeiras para o período de um ano. Na prática, os consumidores geralmente permanecem no rotativo do cartão de crédito por apenas alguns dias ou semanas, não acumulando o juro anual total.  

Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, explicou que a instituição continuará publicando os dados anuais como referência para o comportamento das taxas de juros. "Esses dados são importantes para monitorar a velocidade de aumento ou redução das taxas no sistema como um todo", afirmou Rocha. Além disso, a série histórica ajuda a compreender como os juros cobrados pelos bancos afetam o custo total do crédito no país.  

Impactos da nova lei  

A medida que limitou os juros do cartão de crédito foi aprovada com o objetivo de aliviar o endividamento das famílias brasileiras, já que o cartão é uma das modalidades de crédito mais caras e utilizadas no país. Com o teto de 100%, a expectativa é de que a população tenha maior previsibilidade nos custos e evite o acúmulo de dívidas impagáveis.  

No entanto, analistas destacam que a efetividade da lei dependerá da fiscalização rigorosa e de ajustes no modelo de concessão de crédito pelos bancos. "O teto dos juros é um passo importante, mas o acesso a taxas mais justas e o estímulo a modalidades de crédito mais baratas também são essenciais para reverter o cenário atual", avaliam especialistas do setor financeiro. 

 

 

 

 

 

Fonte: Correio Brazilinse