Reforma tributária: Anbima pede derrubada de veto de Lula que permite taxação de fundos

Enviado Sexta, 24 de Janeiro de 2025.

Veto do presidente ao sancionar regulamentação da reforma tributária abre caminho para tributar fundos imobiliários de ‘tijolo’ e Fiagros com os novos impostos sobre consumo

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) divulgou nesta quinta-feira, 23, uma nota junto à Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF) para defender a derrubada pelo Congresso Nacional do veto do presidente Lula na reforma tributária que permite a tributação de alguns fundos de investimento.

Como mostrou o Estadão, a regulamentação da reforma, sancionada na última semana, estipula regras que farão com que sejam tributados com os novos impostos sobre consumo (CBS e IBS) os fundos de investimentos imobiliários do tipo “tijolo” – ou seja, os que investem em aluguéis e na compra e venda de imóveis – e os do agronegócio (Fiagro), o que pode interferir na rentabilidade desses fundos.

“Os fundos não são fornecedores de serviços e, portanto, não poderiam ser classificados como contribuintes de IBS/CBS. Logo, não há que se falar em benefício tributário – argumento que foi usado para sustentar os vetos”, afirmam a Anbima e a CNF, no texto.

“A redação da Lei Complementar 214 gera insegurança jurídica para uma indústria com patrimônio líquido de R$ 9,2 trilhões e mais de 41 milhões de contas. Além disso, o texto se afasta de propósitos essenciais da reforma, como a simplificação do sistema tributário e a promoção de neutralidade fiscal.”

Segundo a Anbima e a CNF, do ponto de vista dos investidores, o veto representa uma diminuição de alternativas de diversificação e a incidência de nova tributação sobre seus investimentos, pois dependendo do tipo de fundo, o cotista paga também o Imposto de Renda sobre os ganhos.

A incidência do Imposto de Renda sobre o rendimento desses fundos não foi alterada. Ou seja, nos casos em que há isenção de IR sobre os dividendos pagos pelos fundos imobiliários e Fiagros, a regra segue valendo. A nova legislação trata apenas dos impostos sobre o consumo.

“A Anbima e a CNF estão trabalhando de maneira assertiva e transparente com parlamentares e outros entes envolvidos com o tema para assegurar um tratamento tributário adequado para a indústria brasileira de fundos de investimento e que garanta segurança jurídica para o setor”, afirmam.

As frentes parlamentares do empreendedorismo e do agronegócio já começam a mobilizar seus integrantes, que estão em férias, para tentar derrubar o veto.

Fonte: Estadão