Vaga aberta no TCE embaralha a sucessão de Cláudio Castro no governo do Rio
Enviado Quarta, 22 de Janeiro de 2025.Posto vitalício que abre em maio deste ano é cobiçado por aliados do governador que têm planos distintos para as eleições de 2026
Prevista para abrir em maio, a nova vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) divide aliados do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e embaralha as articulações pela sua sucessão. A indicação caberá ao próprio Castro, que havia se comprometido a indicar seu atual chefe de gabinete, Rodrigo Abel, mas agora vê o posto ganhar relevância na definição da candidatura ao governo em 2026. O xadrez envolve o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), Rodrigo Bacellar (União), e o vice-governador Thiago Pampolha (MDB).
Abel é o principal estrategista político de Castro desde que era vice-governador, e esteve a seu lado no processo de impeachment do antigo titular, Wilson Witzel, em 2020, e na campanha à reeleição, em 2022. A indicação do chefe de gabinete havia sido acordada como reconhecimento por parte de Castro, que apoiou anteriormente a ida de outro aliado, o ex-deputado Márcio Pacheco — de quem foi assessor, para o TCE.
Só que os planos conflitam com os de Bacellar, que já foi assessor no TCE e diz que sempre viu a vaga de conselheiro como um “sonho”.
— Não sou candidato a governador. Sempre pedi a vocês, se um dia houver uma vaga de conselheiro (do TCE) eu gostaria muito de disputar — disse, em outubro.
Em outro movimento, porém, Bacellar vem sugerindo nos bastidores que a vaga poderia ficar com o atual vice-governador, Thiago Pampolha, em acordo para deixá-lo como “primeiro da fila” da sucessão.
Pampolha, por sua vez, tem sinalizado a aliados que não pensa em outra candidatura que não seja a de governador em 2026. O cenário tido como ideal para o vice é que Castro se lance ao Senado, o que faria o governador repassar o cargo a Pampolha pelo menos seis meses antes da eleição. Interlocutores de Pampolha, no entanto, avaliam que ele concorrerá ao governo mesmo se Castro permanecer no cargo.
Nos dois cenários, uma eventual ida de Bacellar para o TCE daria mais tranquilidade a Pampolha, por tirar do tabuleiro um nome que, embora negue a intenção, já discutiu a hipótese de concorrer ao governo com apoio de Jair Bolsonaro (PL).
Aliados de Bacellar veem o TCE hoje como um “plano B”, caso ele não se viabilize ao governo. Diferentemente de Pampolha, uma das condições que ele coloca para a empreitada é já estar na cadeira de governador em 2026, o que exigiria que tanto o vice como Castro abrissem caminho.
Devido aos impasses, Castro, Pampolha e Bacellar, apesar de cultivarem a aparência de uma relação harmônica, mantêm desconfianças mútuas, segundo relatos de interlocutores do trio.
A vaga de conselheiro do TCE é vitalícia e tem salário de R$ 39 mil mensais, mas também é vista como uma “morte” política. Em maio, o conselheiro José Maurício Nolasco completa 75 anos e será obrigado por lei a se aposentar. Cabe a Castro apresentar o substituto, que passa ainda por votação na Alerj antes de ser empossado. O entorno de Castro já chegou a sondar conselheiros do TCE sobre a hipótese de alguém antecipar a aposentadoria, abrindo outra vaga e facilitando a composição.
Fonte: O Globo