Assessoria Fiscal da Alerj defende uso do gás natural para fomentar industrialização do leste metropolitano
Enviado Quarta, 09 de Março de 2022.O Conselho Consultivo da Assessoria Fiscal da Alerj analisou, nesta terça-feira (08/03), os entraves ao desenvolvimento do Complexo de Gás no estado do Rio. Segundo o diretor da Assessoria Fiscal, economista Mauro Osorio, é necessário ter uma estratégia política que fortaleça a industrialização no Leste Metropolitano. A região será servida pela Rota 3 – 355 km de extensão de dutos que vão escoar o gás natural do Pré-Sal da Bacia de Santos até o município de Itaboraí, com início de funcionamento da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) previsto para julho de 2022.
A integrante da assessoria fiscal e ex-diretora da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, a redução do preço final, principalmente, para o consumidor industrial é imprescindível para que haja maior aproveitamento desta riqueza.
“O preço do gás vendido pela Petrobras é quatro vezes maior do que o valor pago por ela às empresas de extração”, informou.
Dados do levantamento realizado pela Assessoria Fiscal mostram que 61% do gás natural extraído no litoral fluminense são reinjetados nos poços, não sendo utilizado como insumo para a necessária industrialização do Rio.
“O petróleo e o gás são riquezas que vazam do nosso estado, tendo em vista que 75% dos fornecedores da Petrobras estão localizados fora do Rio de Janeiro. Além disso, o estado não pode cobrar ICMS sobre a extração, já que têm impostos cobrados no local de consumo e não no estado produtor”, afirmou Mauro Osorio.
Os setores que mais consomem gás natural no país são o químico e o siderúrgico e ambos possuem plantas no estado do Rio. A engenheira Magda Chambriard disse ainda que o Brasil tem produção suficiente para todo o consumo do país desde 2015, mas é necessário que os governos criem infraestrutura e estimulem o consumo, de modo que o investimento na ampliação do fornecimento seja viável.
“O Brasil precisa trabalhar para desenvolver esse mercado e para estimular o consumo de gás. O país não investe por não ter demanda e, por não investir, não gera demanda. Para o gás chegar em terra é preciso que seja economicamente viável. Nosso produto é o terceiro mais caro do mundo”, disse.
Magda defendeu que haja um questionamento à ANP sobre os custos que compõem essa tarifa.
“A Petrobras compra a U$ 2 e vende para as distribuidoras a um preço quatro vezes maior. A ANP tem que avaliar se as tarifas são abusivas. O governo do estado pode questionar esse valor à agência como forma de viabilizar essa tarifa. Nenhum agente dependente da Petrobras reclamaria. Falta economicidade do gás ao consumidor final e isso é muito prejudicial para o crescimento econômico do Rio”, explicou.
Apesar do custo alto do investimento, os técnicos da Assessoria Fiscal avaliam que o estado apresenta duas oportunidades para uma política de industrialização: o gás que chegará no Leste Metropolitano através da Rota 3 este ano; e a construção de uma Rota 4 que permitirá fazer com que o insumo chegue para industrializar a Baixada Fluminense.
Uma conclusão da reunião é de que é necessário desenhar uma política com participação do Governo do Estado, Prefeituras e Governo Federal visando a aproveitar a crescente disponibilidade de gás natural no pré-sal para a industrialização do Leste Metropolitano e da Baixada Fluminense. O Fundo Soberano Estadual - aplicação financeira formada por reserva de recursos dos royalties e participações especiais - recentemente criado pela Alerj, pode ser uma das fontes para o financiamento desta política.
Fonte: Site Alerj