Governador e prefeito buscam investimentos e negócios com companhias chinesas
Enviado Sexta, 09 de Maio de 2025.Castro busca investidores chineses para projetos de mobilidade urbana e transição energética no Estado
Empresas chinesas estão na mira de gestores públicos brasileiros. Tanto o governador do Estado do Rio de Janeiro, Claudio Castro, quanto o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, iniciaram conversas de negócios para compra de equipamentos e atração de investimentos no período de realização do “Summit Valor Brazil-China”.
Castro está interessado na aquisição de câmeras de segurança pública com inteligência artificial (IA) embarcada. De acordo com ele, essas conversas estão avançadas e vão representar “um divisor de águas na segurança pública do Rio de Janeiro”. O anúncio foi feito durante o painel “Investir no Brasil”, mediado por Pedro Dias Leite, diretor executivo de jornalismo da CBN.
Ricardo Nunes aproveitou a viagem à China para buscar mais recursos para a compra de ônibus elétricos. Também para negociar, com empresas chinesas, a aquisição de novos equipamentos para carregamento de baterias, e, ainda, dispositivos como câmeras, voltados à segurança pública.
O prefeito paulistano disse que está próximo de concluir, com o Banco da China, uma linha de US$ 100 milhões, que começou a ser negociada no ano passado. Até agora, a Prefeitura de São Paulo obteve R$ 6 bilhões em linhas de financiamento para a ampliar a frota de coletivos movidos a eletricidade, incluindo recursos de Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Mundial, Caixa e Banco do Brasil.
O governador do Rio ressaltou que o monitoramento de vídeo com inserção da inteligência artificial tem sido fundamental para todos os países que conseguiram melhorar a questão da segurança pública. “Estamos estudando com muita profundidade, sobretudo porque o Rio de Janeiro tem que apresentar, dentro de 180 dias, um plano de segurança pública ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da ADPF 635.”
ADPF é uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. A ADPF 635, também chamada de ADPF das Favelas ou ADPF da Insegurança Pública, foi ajuizada pelo PSB e entidades de direitos humanos em novembro de 2019.
Durante a passagem pela China, Castro confirmou que busca investidores chineses para projetos de mobilidade urbana e transição energética no Estado. O governador ressaltou o interesse de empresas chinesas para a instalação de fábricas de ônibus e carros elétricos, além de plantas de biomassa e combustível verde para aviação. “Estamos focando em transporte sobre trilhos, aquisição de trens e projetos relacionados à concessão das linhas 3 e 4 do metrô. São negócios que, em muito pouco tempo, terão editais no pipeline de investimentos do governo”, disse.
Rui Gomes, presidente da Invest São Paulo, que também integrou o painel, reforçou o interesse do capital chinês na indústria automotiva e na sua cadeia de fornecimento. Ele destacou que o Brasil oferece um ambiente de segurança regulatória para investidores chineses estabelecerem projetos de longo prazo, citando como exemplo as concessões no Estado.
“Temos que construir novas oportunidades entre China e Brasil. Existe muito interesse do capital chinês na indústria automotiva e toda a sua cadeia de fornecimento. Temos o setor de geração de energia e mobilidade urbana, vemos players chineses entrando em projetos de trem entre cidades e olhando o túnel imerso Santos-Guarujá, no litoral paulista”, disse Gomes.
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) também atua para abrir novos caminhos na trilha de negócios entre Brasil e China. Um dos focos desta missão é o setor audiovisual. No painel, Victor Queiroz, chefe do escritório da ApexBrasil na China, citou o trabalho para garantir a exibição do filme “Ainda Estou Aqui”, vencedor do Oscar 2025 na categoria Melhor Filme Internacional, em território chinês.
Queiroz frisou que o governo da China só libera 34 produções audiovisuais estrangeiras por ano A estreia ocorreu no dia 26 de abril. “A Apex tem feito um trabalho muito proativo para ir além do setor agro, que já é muito bem consolidado na China. Estamos trabalhando muito com a embaixada do Brasil na China para promover a indústria do audiovisual brasileiro”, afirmou.
Segundo a Apex, em 2024, a China se consolidou como principal destino das exportações do Brasil, o que significa 28% do valor total exportado e 41,4% do superávit comercial do Brasil. No mercado chinês, o Brasil já é o maior fornecedor de soja, carne bovina, celulose, açúcar e carnes de aves. Apesar dos números expressivos, as exportações brasileiras ainda estão muito concentradas em commodities.
Dados da Apex mostram que, no total do volume exportado, a soja representa 33,4%, o petróleo bruto entra com 21,2% e minério de ferro, com 21,1%. Esses três produtos representam 75,6% do volume total de exportações do Brasil para a China, e o desafio da Apex é a diversificação das exportações e o aumento do valor agregado.
Queiroz afirmou também que o escritório da Apex na China vem buscando oportunidades para a entrada de produtos brasileiros mais elaborados, como manufaturados, com foco no comércio eletrônico chinês. No segundo semestre, um dos destaques será uma missão de startups brasileiras na China.
Fonte: Valor Econômico