SP estuda medida no ICMS para estimular exportação
Enviado Sexta, 13 de Janeiro de 2023.O governo do Estado de São Paulo, estuda medidas de promoção comercial que prometem ser pioneiras, como ampliação do drawback estadual, com a suspensão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na compra de insumos locais direcionados à produção de bens para exportação. Estuda também a abertura de linha de crédito para exportação a pequenas e médias empresas. O governo também planeja avaliar a atuação dos seus escritórios internacionais de promoção de comércio e investimentos e estuda medidas para aumento da eficiência portuária.
As informações são de Lucas Ferraz, titular da Secretaria de Negócios Internacionais do Estado de São Paulo, que substituiu a antiga Secretaria de Relações Internacionais, com atuação ampliada a partir deste ano. Além de atividades diplomáticas no âmbito subnacional, o órgão também atuará na promoção comercial, facilitação de comércio e atração de investimentos e no relacionamento com bancos multilaterais.
Ferraz irá acompanhar a o governador Tarcísio de Freitas em sua primeira agenda no exterior, no Fórum de Davos, na próxima semana Com a nova roupagem, a secretaria, diz Ferraz, passará a definir políticas de inserção internacional a serem executadas pela InvestSP, agência de promoção de investimentos do Estado.
Dentre as medidas de promoção comercial estudadas, diz, há uma com objetivo de reduzir o resíduo tributário na exportação. A ideia é ampliar a aplicação no Estado do drawback, regime estabelecido em nível federal e que permite a suspensão de tributos na importação de insumos para produção voltada à exportação. A ideia, diz, é suspender a cobrança do ICMS para insumos locais, desde que para produção destinada ao mercado externo. Hoje só insumos importados ficam com o ICMS suspenso. “Queremos romper com essa assimetria”, diz. Segundo Ferraz, o drawback é responsável por 25% a 30% das exportações no Estado de São Paulo. No Brasil, diz, compra-se sete vezes mais insumos importados do que produzidos localmente no drawback. O assunto, frisa, está em estudo e já foi levado ao governador, mas depende de espaço fiscal e passa por avaliações.
É possível, diz, que a medida seja aplicada inicialmente em grupos de insumos mais utilizados e futuramente haja maior horizontalização. Também é preciso ver qual será o impacto nas exportações, “o que não é uma conta simples”. “Estamos rodando modelos para calcular o efeito líquido dessa política”, diz. Segundo ele, pode não haver renúncia fiscal efetiva, porque a suspensão do imposto trará maior exportação e maior atividade, com ganho de arrecadação.
O secretário lembra que hoje empresas de todas as áreas usam o drawback, desde companhias do setor mineral e agropecuário até a indústria de bens mais complexos, muito representativa no Estado. Os estudos do assunto devem ficar prontos em até seis meses.
Outra medida de promoção comercial em estudo é a abertura de linhas de crédito para exportação a pequenas e médias empresas. O objetivo, diz, é atuar em nichos que hoje não conseguem acessar financiamento. A linha de crédito seria oferecida pela Desenvolve SP, instituição ligada ao governo estadual que já oferece financiamentos a empreendimentos do Estado.
A ideia é que o programa tenha funding do governo estadual e parceria do governo federal, que entraria com garantia soberana, o que poderia baratear o crédito, aponta. Os recursos para essa linha de crédito também poderiam vir de captações pela Desenvolve SP junto a bancos multilaterais. A proposta, ainda deve ser levada ao governo federal, com o qual o governo estadual quer construir, diz Ferraz, “relação republicana”, com “alinhamento técnico”.
Também está no radar do governo estadual a avaliação da atuação dos escritórios internacionais de promoção de comércio e investimentos que a InvestSP tem em Dubai (Emirados Árabes), Xangai (China). Munique (Alemanha) e Nova York (Estados Unidos). Vários países, diz, têm a estratégia de manter escritórios externos de promoção comercial e São Paulo tem quatro, o que está em princípio abaixo do potencial econômico do Estado. A rede, diz, pode ser eventualmente ampliada, mas antes passará por avaliação para ver “o que estão entregando”, o que também pode levar ao fechamento de algum dos escritórios.
No campo da facilitação, diz Ferraz, há medidas em estudo para aumentar a eficiência portuária e desburocratizar a exportação e importação. Entre elas, simplificar pagamento de ICMS e instituir um comitê de paulista de facilitação de comércio, uma “janela de contato” entre operadores e o Estado. O governo também quer criar o Operador Econômico Autorizado (OEA) paulista, nos moldes federal, para desburocratizar em âmbito estadual o desembaraço de mercadorias. Há também planos para instalação de plataforma on-line no porto de Santos, inicialmente, com dados sobre chegada de navios, entre outros, disponíveis aos agentes de comércio exterior.
Ferraz diz que São Paulo deverá, durante o primeiro semestre deste ano, definir uma “prateleira de projetos prioritários do Estado” e a partir daí, em políticas “mais assertivas”, buscar recursos junto a bancos e organismos multilaterais.
No Fórum de Davos, diz, o governador terá uma intensa agenda com dirigentes de empresas, fundos privados, bancos e órgãos multilaterais, além de autoridades governamentais. A agenda tem dois direcionamentos, segundo Ferraz. Em um, Tarcísio deve atuar para atrair investimentos. Em outro, para dizer que o programa de desenvolvimento do Estado se compromete com a sustentabilidade ambiental e a inclusão social. Para ele, a invasão em Brasília no último domingo é tema pacificado e não deve afetar interesse de investidores.
Fonte: Valor Econômico