Concessões da Cedae investem R$ 1 bilhão
Enviado Quinta, 01 de Dezembro de 2022.Aportes incluem ações de melhoria no sistema pelas concessionárias Águas do Rio, Rio+Saneamento e Iguá
As concessionárias que assumiram o serviço de saneamento em 46 municípios fluminenses desde o leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) vão investir mais de R$ 1 bilhão em obras até o fim do primeiro ano de operação. A Águas do Rio investiu R$ 831 milhões desde novembro do ano passado e a Rio+Saneamento planeja empenhar R$ 100 milhões no período de 12 meses que vai de agosto de 2022 até agosto de 2023. A Iguá, outra das concessionárias, aplicou de fevereiro a setembro deste ano mais de R$ 91 milhões.
A concessão da Cedae dividiu o Estado em quatro blocos arrematados por essas três empresas. Depois de assinar os contratos e pagar valor de outorga, cada uma delas iniciou a operação em momentos distintos, entre novembro do ano passado e agosto deste ano.
A Águas do Rio, do grupo Aegea, dona da maior fatia, foi a primeira a iniciar os trabalhos, em novembro de 2021. A empresa é responsável por dois blocos (1 e 4), que concentram 27 municípios e 3,3 milhões de consumidores. A concessionária investiu R$ 831 milhões entre novembro do ano passado e setembro deste ano, último dado disponível. Os recursos foram aplicados na melhoria da estrutura herdada da Cedae e na modernização dos equipamentos.
“Nos deparamos com muitas situações que exigiam melhoria operacional e recuperação de ativos. Instalamos 160 quilômetros de rede de distribuição de água, dos quais 60% na Baixada Fluminense devido à distribuição desigual por regiões com menor concentração de renda”, diz Tatiana Carius, diretora jurídica da Águas do Rio. A empresa, responsável pelo abastecimento em 523 favelas cariocas, estima que 250 mil pessoas passaram a receber água encanada de qualidade pela primeira vez. Além disso, incluiu 85 mil famílias na Tarifa Social, programa previsto no contrato de concessão e que estabelece a cobrança fixa de R$ 20 para abastecimento de água e R$ 20 para coleta de esgoto.
Carius faz um balanço positivo do primeiro ano de operação, mas destaca que o consumo irregular de água por grandes consumidores foi uma surpresa nesse período. “O que mais nos impacta é o consumo irregular por fontes alternativas em regiões onde as pessoas podem e devem pagar pelo serviço. Especialmente na zona sul, a gente vem enfrentando esse problema em condomínios de alto padrão e shoppings centers”, afirma.
Para o economista e ambientalista Sergio Besserman, ex-presidente do IBGE, o trabalho está de acordo com o previsto em edital, mas a empresa tem pela frente o desafio de despoluir a Baia de Guanabara. “Os compromissos do edital estão sendo cumpridos e a transparência da companhia é de bom padrão. Mas o grande desafio é a foz dos rios que desaguam na Baia da Guanabara. É nesse momento que a população vai começar a sentir os efeitos”, pondera.
A Rio+Saneamento, sociedade do grupo Águas do Brasil e da gestora de investimento Vinci Partners, que assinou em março deste ano contrato com o governo do Rio para operar o bloco 3, investiu mais de R$ 41 milhões desde agosto. O montante deve chegar a R$ 100 milhões quando completar um ano de operação, em agosto de 2023.
“O primeiro ano é de arrumar a casa e investir em obras, além de informatizar os sistemas. Estamos instalando macromedidores para estimar e reduzir as nossas perdas, além de atacar a inadimplência”, explica Leonardo Righetto, presidente da Rio+Saneamento. O bloco da concessão engloba 18 municípios do Rio de Janeiro, entre eles 24 bairros da capital do Estado e 2,6 milhões de moradores ao todo.
Já a Iguá, que assumiu a operação em fevereiro, investiu mais de R$ 91 milhões no período. A empresa ficou com o cobiçado bloco 2, que compreende a Barra da Tijuca e Jacarepaguá, na zona oeste, além de dois municípios no centro-sul fluminense. O montante foi utilizado em ações de curto prazo no Complexo Lagunar da Barra, onde estão previstos investimentos de R$ 250 milhões ao longo do contrato.
Para fiscalizar a execução das metas, o governo do Rio criou quatro comitês de monitoramento com a participação de consumidores, institutos de pesquisa, agências reguladoras e representantes de municípios, além do Judiciário e do Ministério Público. Os integrantes dos comitês tomam posse nesta quarta-feira (30), no Palácio Guanabara. “Os grupos são mais uma instância de fiscalização e controle, só que com a participação da sociedade civil. É a primeira grande participação popular em uma concessão desse tamanho no país”, diz o secretário de Estado da Casa Civil, Nicola Miccione.
Fonte: Jornal Valor Econômico