Eduardo Paes nega, mas se movimenta para ser candidato ao governo do Rio em 2026

Enviado Quinta, 07 de Agosto de 2025.

Prefeito do Rio tem viajado pelo interior para articular possível candidatura no ano que vem

A fala do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), afirmando que seu vice, Eduardo Cavaliere (PSD), pode tomar dele o posto de mais jovem chefe do Executivo carioca a tomar posse é o primeiro indicativo público de Paes de que ele será candidato em 2026. A declaração, feita no sábado (2), porém, só expôs o que já é uma realidade nos corredores do Palácio da Cidade: o titular do Executivo municipal está a todo vapor para o pleito do ano que vem.

Desde que assumiu seu quarto mandato, o prefeito já disse a aliados e funcionários que concorrerá ao governo do Estado e, por isso, delegou a gestão da cidade a Cavaliere, que tem sido um vice com protagonismo inédito nas administrações de Paes. Segundo interlocutores, apesar da declaração do fim de semana, o prefeito vai continuar negando oficialmente a intenção de estar nas urnas em 2026. Mas as próprias fontes admitem que a conduta de Paes indica o oposto.

Nos últimos meses, Paes tem viajado pelo interior do Rio para se aproximar de outros prefeitos e conhecer melhor a realidade de cada cidade. A intenção é saber, nas palavras de um aliado, as demandas e dores dos municípios fluminenses.

“Nessas visitas, há pouca agenda ligada de fato ao dia a dia da cidade do Rio. A ideia é mais conhecer os outros municípios e fortalecer a base. Todo lugar que Paes vai, ele chama o prefeito para tomar um café. Alguns aceitam e até postam fotos, outros são mais discretos e preferem ou não publicar nada, ou não se encontrar. O Paes respeita todo mundo”, diz esse aliado do chefe do Executivo carioca, em caráter reservado.

No périplo pelo Estado, Paes já esteve em diferentes regiões, do Sul ao Norte Fluminense, passando pela Baixada. Entre as cidades visitadas estão Duque de Caxias, Areal, Sapucaia, Levy Gasparian, Cordeiro, Macaé, entre outras. Ele também é aguardado para participar de uma feira agropecuária em Campos dos Goytacazes, marcada para esta semana. Essa aproximação do agro pode ser vista, inclusive, na troca do tradicional chapéu panamá pelo de boiadeiro. O acessório passou a ser usado pelo prefeito do Rio tanto em publicações nas redes sociais, quanto nas visitas aos municípios do interior.

Além da turnê no território fluminense, Paes também elegeu temas estaduais para dar a tônica de sua quarta gestão. O principal é a segurança pública, tema sobre o qual foi bastante questionado na campanha à reeleição, no ano passado. Na ocasião, o prefeito disse que esse era um assunto do governo do Estado. No entanto, assim que tomou posse, tornou a pauta prioritária na prefeitura e se empenhou pessoalmente para aprovar a nova guarda municipal armada.

Os motivos para não admitir

Ainda com todos esses sinais de que está se movimentando para ser candidato no ano que vem, Paes não admitirá a vontade de disputar pela terceira vez o Palácio Guanabara, segundo afirmam fontes de seu entorno. Há dois motivos determinantes para isso.

O primeiro é que, na avaliação de aliados, assumir essa intenção eleitoral anteciparia ainda mais um pleito que já está antecipado — vale lembrar que o período de campanha oficialmente só daqui a um ano, em agosto de 2026, mas já há outros nomes se lançando pré-candidatos, como o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar, e o ex-secretário estadual e ex-prefeito de Caxias, Washington Reis (MDB). Ao “queimar a largada” agora, Paes poderia se prejudicar atraindo para si uma atenção negativa e críticas por conta da eleição, conforme avaliam interlocutores.

O segundo motivo é que o prefeito também não precisa fazer nenhum movimento agora por causa das brigas entre seus possíveis adversários. É o caso da demissão de Reis assinada por Bacellar, quando o deputado estava no posto de governador substituindo Cláudio Castro (PL), que estava em viagem fora do Brasil. O episódio gerou atritos na base governista do ocupante do Guanabara e entre aliados bolsonaristas de Bacellar. Diante desse cenário, o entorno de Paes defende que ele “aproveite o momento e jogue parado”.

Para concorrer ao governo do Estado, pelas regras eleitorais, Paes precisará se descompatibilizar em abril do ano que vem, seis meses antes da votação. Até lá, o prefeito deve soltar indiretas e fazer brincadeiras sobre ser ou não candidato. É o que já tem feito desde que foi reeleito.

“Eu faria promessa se fosse candidato, coisa que não sou. Essa imprensa maldosa quer dar essa notinha depois”, disse Paes em evento com empresários no fim de julho. Procurado, o prefeito preferiu não se manifestar.

Fonte: Valor Econômico