Tarcísio anuncia linha de empréstimo subsidiado e devolução de crédito de ICMS para setores afetados por Trump

Enviado Sexta, 25 de Julho de 2025.

Governador de SP promete R$ 200 milhões no “Giro Exportador” e R$ 1 bilhão de restituição tributária

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), detalhou nesta quinta-feira (24) o pacote de ajuda a exportadores paulistas afetados pela taxação de 50% sobre os produtos brasileiros, anunciada pelo presidente americano, Donald Trump, a partir de 1º de agosto.

Em coletiva de imprensa após o evento da "Caravana 3D", em Sorocaba (SP), Tarcísio anunciou a linha de crédito subsidiado “Giro Exportador”, na qual disponibilizará R$ 200 milhões para os setores atingidos pela tarifa norte-americana. As taxas de juros serão de a partir de 0,27% ao mês, mais a inflação. O prazo para pagamento será de até 60 meses, com carência de até 12 meses incluída nesse período. Cada cliente pode financiar até R$ 20 milhões.

O governador também anunciou a liberação de R$ 1 bilhão em créditos retidos do ICMS para empresas exportadoras, ferramenta que permite uma compensação do imposto.

— Nossa ideia é dar suporte para as empresas que vão precisar de recurso neste momento. E a gente vai fazer uma grande liberação de crédito de ICMS acumulado. Como os créditos são acumulados, geralmente, pelos exportadores, a nossa ideia é fazer essa liberação. Vamos começar com R$ 1 bilhão, podendo também evoluir e chegar a um valor maior — disse Tarcísio.

O governador também falou que outras medidas estão sendo estudadas, como parcerias com empresas americanas e parlamentares, mas destacou que “os números (de perdas) são muito ruins”, uma vez que São Paulo seria o estado mais afetado pelo tarifaço.

— A gente tem feito simulações. A depender do quanto a gente vai perder de exportações em função dessas tarifas, o quanto se pode mexer na massa salarial, no PIB, nos empregos... e os números são muito ruins — afirmou.

As tarifas prometidas pelo governo americano passam a valer a partir de agosto. A taxação, disse Trump ao anunciá-la, é uma sinalização de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), padrinho político de Tarcísio e réu por tentativa de golpe de Estado devido às invasões feitas por apoiadores do ex-presidente na sede dos Três Poderes, no 8 de Janeiro.

Em meio às investigações, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) se licenciou do cargo para morar nos EUA, falando em “perseguição política”. No país, ele negocia sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, responsável pela caso. Apesar do discurso inicial, o deputado negou ter trabalhado pelas tarifas ao país, tema que gerou um desgaste entre seus aliados.

A atuação do deputado e sua participação na taxação chegaram a gerar um atrito entre ele e o governador paulista. Tarcísio, inicialmente, chegou a adotar a narrativa bolsonarista e a culpar o governo federal pela falta de diálogo com o governo americano, mas logo adotou um tom mais brando com relação ao tema. Ele se reuniu com o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, em Brasília, para tentar negociar a taxação.

A tentativa desagradou Eduardo, que foi às redes acusar o dirigente estadual de “subserviência às elites”. Para o filho do ex-presidente, o governador deveria, em vez disso, priorizar o que chamou de “fim do regime de exceção”, em referência às condenações do 8 de Janeiro.

Fonte: O Globo