Reforma Tributária trará até cinco pontos percentuais a mais no lucro líquido do Varejo e dez pontos percentuais na Indústria

Enviado Terça, 15 de Julho de 2025.

O setor de Serviços, por sua vez, terá que aumentar em até 40% seus preços para manter a lucratividade atual

Enquanto as grandes discussões a respeito da Reforma Tributária têm girado em torno da alíquota de 28% para o IVA (Imposto sobre o Valor Agregado), que seria a maior do mundo, especialistas advertem que as maiores implicações para as empresas brasileiras estariam ‘escondidas’ nas novas alíquotas do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços). Um estudo inédito e exclusivo da Omnitax calcula que neste sentido, os maiores beneficiados pela mudança na estrutura de tributos do país seriam a Indústria e o Varejo, que teriam uma redução em torno de 39% e 33% respectivamente nos repasses relativos a estes itens. Já o setor de Serviços seria vítima de um efeito totalmente contrário, recebendo um aumento de 267% nestas alíquotas. Com isso, caso optem por manter seus preços nos patamares atuais, a manufatura e o comércio conseguirão ampliar seu lucro líquido em dez pontos e até cinco pontos percentuais. Já os prestadores de serviço ficarão com o ônus de precisar aumentar em até 40% seus preços finais para manter a lucratividade atual.

Para chegar a estas conclusões, a Omnitax, startup que atua por meio de uma plataforma de inteligência tributária que opera desde o pedido de compra até a contabilização da venda em tempo real, avaliou o assunto junto a mais de 100 clientes por meio de entrevistas quantitativas e qualitativas, validando as análises financeiras junto a Diretores Financeiros de diversas empresas.

O CEO da Omnitax, Paulo Zirnberger, explica que a decisão sobre o que fazer com a carga menor dos indiretos (no caso do varejo e da indústria) pode impactar diretamente os indicadores financeiros das empresas. Ele informa que segundo os estudos da startup, a manutenção dos preços com uma menor carga para o varejo resultaria numa receita bruta estável, ganho de 6,5 pontos percentuais no lucro bruto, despesas iguais desde que consiga executar na totalidade os créditos dos seus prestadores de serviços. Tudo isso acarretaria um resultado operacional melhor em 8 pontos e um lucro líquido melhor em 5 pontos percentuais. “Já a decisão de ganhar participação de mercado promovendo uma redução de preços resultaria numa redução da receita bruta em 8 pontos, lucro bruto igual, despesas iguais desde que a organização consiga executar na totalidade os créditos dos seus prestadores de serviços. Essa receita seria responsável por um resultado operacional reduzido em 1 ponto e o lucro líquido com perda de meio ponto”, adverte.

Impacto da reforma tributaria no varejo

O executivo descreve que para a indústria, a pesquisa da Ominitax prevê que a manutenção de preços nos mesmo nível dos atuais irá resultar em receita bruta estável, uma melhoria de 7 pontos no lucro bruto e um ganho de 10 pontos nas despesas. Desta forma o movimento acarretaria uma melhoria de 17 pontos no resultado operacional e a melhoria de 10 pontos no lucro líquido.

“Já no caso de as empresas optarem por uma redução de preços, a receita bruta pode cair até 24 pontos, com o lucro bruto sendo 7 pontos menor e as despesas ficando estáveis. Este cenário traria uma perda de 7 pontos no resultado operacional e de 5 pontos no lucro líquido”, afirma.

Paulo Zirnberger ressalta que, segundo o estudo, a Reforma Tributária significará o desenvolvimento de uma dinâmica cruel para o setor de serviços. “As empresas deste mercado passarão a conviver com alíquotas duas a três vezes superiores do que as atuais nos impostos indiretos. Isto exigirá fortes decisões, como por exemplo, repassar e aumentar seus preços em cerca de 40%” diz.

Sua avaliação é de que este processo será duro, uma vez que apesar de os clientes terem a vantagem de poder se creditar dos valores de serviços, ao mesmo tempo será necessário rever e ajustar todos os contratos de fornecimento.

“As companhias terão a difícil tarefa de explicar a seus clientes a lógica da boa e da má notícia. A boa é que agora eles terão o crédito integral de todos os impostos indiretos envolvidos nas compras. A má é que o preço vai subir 40%”, exemplifica.

No estudo da Omnitax, Zirnberger relata que muitos clientes quando questionados sobre esse ponto manifestaram interesse no crédito dos impostos pago pelos serviços tomados, mas fizeram questão de deixar claro que não vão aceitar o aumento de 40% e com certeza irão procurar por fornecedores que ofereçam melhores condições.

O CEO da startup argumenta que ao aplicar o recolhimento de IBS e CBS no conceito de crédito tributário, a Reforma produzirá naturalmente uma migração das empresas do Simples para o Lucro Real ou Presumido. “Isso acontecerá porque as grandes empresas praticamente exigirão de seus fornecedores do Simples a dinâmica imposta pela Reforma Tributária. Desta forma, se o Simples Nacional oferecer um recolhimento que seja inferior à alíquota cheia dos IBS e CBS fica clara a possibilidade deste regime perder atratividade para os tradicionais clientes das empresas que o utilizam. Nesse caso, as empresas do Simples Nacional podem optar por recolher as alíquotas integrais e dessa forma irão operar num regime misto de Simples Nacional e de créditos integrais. Uma complexidade que as mais de 18 milhões de empresas do Simples não sabem gerir”, adverte.

Fonte: Monitor Mercantil