São Paulo e Rio serão os estados mais afetados se tarifaço de Trump for implementado em agosto

Enviado Segunda, 14 de Julho de 2025.

Juntos, eles responderam por quase 48% das vendas de produtos para os EUA no primeiro semestre

Os estados de São Paulo, Rio, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul sofrerão os maiores impactos em suas exportações para os EUA caso a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros seja mesmo implementada em agosto, conforme anunciado pelo presidente Donald Trump. Por ordem, estes foram os estados que mais exportaram para os Estados Unidos, segundo levantamento divulgado pela Amcham através do Monitor do Comércio Brasil-EUA, com dados de janeiro a junho deste ano.

Juntos, estes cinco estados responderam por 73% de todos os produtos vendidos pelo Brasil aos americanos. São Paulo respondeu por 31,9% das exportações, o equivalente a US$ 6,4 bilhões, tendo vendido produtos como aeronaves (a sede da Embraer fica em São José dos Campos, interior de São Paulo), suco de frutas (especialmente laranja já que o estado é o maior produtor do país), e equipamentos de engenharia.

"A Embraer é a empresa mais afetada sob nossa cobertura, com cerca de 24% da receita exposta ao mercado norte-americano", apontou relatório da XP Investimentos

Já o Rio de Janeiro respondeu por 15,9% do comércio com os EUA (US$ 3,2 bilhões), com uma pauta de itens como óleos brutos de petróleo, produtos semiacabados de ferro e aço e óleos combustíveis de petróleo. Minas arrecadou US$ 2,5 bilhões com as vendas (12,4% do total), com café, ferro gusa e máquinas de energia elétrica.

O Espírito Santo vendeu US$ 1,6 bilhão em produtos, especialmente semiacabados de ferro e aço, cal, cimento e material de construção e celulose. E o Rio Grande do Sul arrecadou US$ 950 milhões com vendas de tabaco, máquinas de engenharia elétrica e sapatos.

"No primeiro semestre, estávamos, aos poucos, recuperando mercado nos Estados Unidos, apesar de todas as instabilidades. O anúncio do presidente Trump, com novas tarifas a partir do dia 1º de agosto, é um grande balde de água fria para o setor calçadista brasileiro", lamentou em nota o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, que representa os fabricantes de sapatos.

Ele lembrou que em junho, as exportações de calçados brasileiros cresceram 24,5%, com os Estados Unidos puxando o crescimento, com alta de 40%.

Outros mercados

Analistas avaliam que se a tarifa de 50% de fato for levada adiante, empresas que tiverem queda em suas vendas terão que buscar outros mercados, embora esta tarefa não seja simples.

O economista Felippe Serigati, professor do FGVAgro, observa que para o país, no agregado, o efeito do tarifaço tenha efeitos limitados (as exportações para os EUA representam cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro), alguns setores como suco de laranja e a Embraer, café e carne terão impactos mais fortes.

— Embora para o país o tarifaço possa trazer impacto moderado no agregado, alguns setores específicos como suco de laranja, carne, café, papel e celulose terão impacto considerável. E buscar novos mercados não é fácil nem acontece da noite para o dia — avalia Serigati.

O relatório da Amcham aponta ainda que três estados ainda têm potencial de terem as receitas de seus portos afetadas. Do porto de Santos, em São Paulo, partiu mais de um terço das exportações brasileiras aos EUA no primeiro semestre desse ano.

De Itaguaí e do Porto do Rio de Janeiro partiram, respectivamente, 9% e 7,8%, e o Porto de Vitória, no Espírito Santo, foi responsável por 7,6% dos embarques. No total, 86,6% do total de produtos vendidos aos EUA vão por via marítima.

Fonte: O Globo