Chapa ao lado de Paes ao Senado em 2026 tem corrida entre Pedro Paulo, igrejas e esquerda

Enviado Quarta, 28 de Maio de 2025.

Braço direito do prefeito desponta como solução ‘caseira’, enquanto outros grupos disputam espaço na futura coligação

Preterido no ano passado ao não ser escolhido como vice da chapa de reeleição do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), o deputado federal Pedro Paulo, que comanda o PSD no estado, desponta como uma espécie de opção “caseira” para o Senado no ano que vem. Provável candidato a governador, Paes aparece com favoritismo nas pesquisas, mas ainda tem pouca clareza sobre os demais postos da aliança a ser construída — com opções que vão do PT a figuras mais ligadas à direita e a igrejas evangélicas.

No ano que vem, cada estado vai escolher dois senadores. O entorno do prefeito defende que pelo menos um dos escolhidos para a chapa seja alguém bem associado a Paes e que possa herdar de forma mais direta os votos dos eleitores dele. Pedro Paulo é o principal aliado do carioca na política e dá sinais de interesse em tentar o Senado, a despeito de se preocupar com a perda de uma reeleição considerada fácil para a Câmara, onde está no quarto mandato.

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, costuma enaltecer o deputado e o coloca entre os quadros do partido que poderiam alçar voos mais altos. Recentemente, apontou a interlocutores a possibilidade de tê-lo como candidato ao Senado, puxado pela boa votação de Paes indicada pelas pesquisas.

Nas vezes em que ansiou chegar à prefeitura do Rio, cargo dos sonhos, Pedro foi prejudicado por episódios de cunho pessoal. No ano passado, ficou de fora da chapa — era o vice ideal para Paes — após a divulgação da existência de um vídeo íntimo que poderia acarretar danos à campanha. O prefeito optou por Eduardo Cavaliere, também do PSD, que deve assumir o comando da cidade no ano que vem, com a provável renúncia do prefeito para disputar o governo.

Todas as eleições deste século com duas vagas para o Senado tiveram, no Rio, um político ligado a igrejas evangélicas na segunda colocação. Marcelo Crivella entrou assim em 2002 e foi reeleito em 2010, enquanto Arolde de Oliveira o fez em 2018. Com base no histórico, Otoni de Paula e o próprio Crivella, outrora adversário político ferrenho de Paes, costuraram acordo para que apenas um deles seja candidato no ano que vem.

— Coloco meu nome ao Senado e devo fazer um lançamento oficial em agosto. Me coloco à disposição do estado e do Eduardo caso ele entenda que tem espaço para mim na chapa e que eu posso ajudar na centro-direita, no campo conservador, entre os evangélicos — afirma Otoni, que é ligado à Assembleia de Deus.

Hoje, os dois políticos evangélicos tendem a pender mais para o lado do prefeito do Rio, mas evitam comprar um lado de forma tão enfática no embate entre Paes e o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), definido como pré-candidato ao governo pelo grupo do governador Cláudio Castro (PL).

Otoni saiu do MDB e vai para outra legenda em breve — a mais provável é o PRTB. Já Crivella, um dos principais expoentes políticos da Igreja Universal, é fundador do Republicanos, partido em disputa no Rio para 2026 e um dos poucos da centro-direita que Paes ainda tem no radar, apesar de a sigla ocupar postos na gestão Castro. Pesam contra o ex-prefeito, contudo, pendências na Justiça Eleitoral.

Outro que tenta se viabilizar no entorno de Paes tendo como ativo a máquina evangélica é o vereador Marcos Dias, presidente do Podemos no Rio.

Os principais partidos de esquerda aliados a Paes também alimentam a possibilidade de emplacar alguém para o Senado. Pelo PSB, o nome natural é o do ex-deputado Alessandro Molon, que comanda o partido no Rio. Em 2022, com apenas uma cadeira em disputa, ele ficou em segundo lugar com 21,2% dos votos, resultado expressivo.

Representada pelo prefeito de Maricá, Washington Quaquá, que é do diretório nacional, uma ala do PT defende o apoio a Molon, a fim de priorizar a eleição de deputados. Há três anos, a divisão entre o candidato do PSB e o petista André Ceciliano foi a marca da disputa pelo Senado, e a esquerda viu Romário (PL) renovar o mandato. Outro setor do PT, no entanto, tem anunciado a deputada e ex-governadora Benedita da Silva como candidata.

— Eu tenho colocado ao PT a possibilidade de termos uma candidatura ao Senado. Desde Lindbergh (Farias, eleito em 2010), não voltamos a ocupar essa cadeira. Nós queremos resgatá-la — afirmou Benedita.

Do outro lado do jogo, o PL caminha para ter os dois candidatos ao Senado na chapa de Rodrigo Bacellar: Flávio Bolsonaro, que está em fim de mandato, e o governador Cláudio Castro.

Fonte: O Globo