Após se lançar ao governo do RJ, Pampolha busca apoio do bolsonarismo para se contrapor a Bacellar, escolhido por Castro
Enviado Sexta, 28 de Março de 2025.Por ora, o PL fluminense evita sinalizar favoravelmente à costura, mas tampouco fecha as portas
O anúncio do vice-governador do Rio, Thiago Pampolha (MDB), de que será candidato ao governo estadual em 2026 intensificou a corrida por alianças para a sucessão de Cláudio Castro (PL). Pampolha declarou na quarta-feira à newsletter “Jogo Político”, do GLOBO, que disputará o cargo independentemente do apoio de Castro e que discorda de “muita coisa” da atual gestão. Apesar das estocadas no governador, o vice buscou priorizar um contraponto ao presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), com quem disputa o apoio do bolsonarismo.
No período recente, Pampolha procurou aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o advogado Fabio Wajngarten, e propôs uma aliança entre MDB e PL no Rio, nos moldes do que ocorreu na última eleição municipal de São Paulo. Wajngarten foi um dos articuladores do apoio de Bolsonaro ao prefeito reeleito Ricardo Nunes (MDB), que escolheu como vice o coronel Mello Araújo (PL).
Por ora, o PL fluminense evita sinalizar favoravelmente à proposta, mas tampouco fecha as portas. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) confirmou ter sido procurado por Pampolha por apoio.
— Ele é vice-governador, tem o direito também de se colocar à disposição.
Na entrevista ao GLOBO, Pampolha se colocou como candidato ao governo em reação a uma declaração recente de Castro, ao “Valor”, de que só deixaria o vice assumir seu lugar se ele mesmo “morrer ou infartar”. Castro pressiona Pampolha a abrir espaço para uma candidatura de Bacellar, a quem apontou como seu “predileto” para a sucessão.
O presidente da Alerj, que deseja concorrer em 2026 já sentado na cadeira de governador, vem costurando o apoio da família Bolsonaro à empreitada. Bacellar já foi duas vezes ao encontro do ex-presidente neste ano, em Angra dos Reis (RJ), e se reaproximou do deputado federal Altineu Côrtes, que dirige o PL no estado do Rio. Procurado, Altineu não retornou.
Além de fazer acenos a Bolsonaro, como ao defender sua candidatura à Presidência em 2026 e uma revisão das penas do 8 de Janeiro, Pampolha teceu críticas veladas a Bacellar na entrevista. Ao apontar coisas com as quais não concorda na gestão Castro, criticou questões de “gestão e estratégia” na área de segurança, como as “trocas relâmpago” de secretários da área e o fato de o programa Segurança Presente ficar no guarda-chuva da Secretaria de Governo, e não da PM.
As duas questões pinçadas por Pampolha são atribuídas há tempos, nos bastidores do governo do Rio, a Bacellar — que foi o primeiro secretário de Governo nomeado por Castro em 2021 e, no atual mandato, travou embates com outros interlocutores do governador envolvendo nomeações na chefia da Polícia Civil.
O entorno de Bacellar, por sua vez, contemporizou as falas e avaliou a movimentação do vice como natural, já que Castro tentou lhe barrar da sucessão. Bacellar já foi aconselhado a moderar posicionamentos públicos desde um episódio, na esteira das eleições de 2024, em que chamou o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), de “vagabundo” no plenário da Alerj; à época, Paes o havia acusado de praticar “ameaças e extorsões” contra o governador. Bacellar e Pampolha também tiveram estremecimento no ano passado, mas têm se falado regularmente nos últimos meses.
Pampolha vem evitando abrir arestas com Paes e com o próprio Castro. Na entrevista ao GLOBO, o vice disse que apoiará uma candidatura de Castro ao Senado mesmo que não seja seu escolhido como sucessor, e sugeriu que Paes aceite um eventual convite para ser vice de Lula (PT).
Pampolha ainda busca se consolidar dentro do MDB, onde tem a concorrência do secretário estadual de Transportes Washington Reis. Enquanto Reis é mais próximo à família Bolsonaro, pesa a favor de Pampolha a possibilidade de assumir o governo em abril de 2026, data limite para Castro deixar o cargo se quiser concorrer ao Senado.
Presidente nacional do MDB, Baleia Rossi afirmou que uma candidatura ao governo é “muito importante para a retomada do crescimento” do partido no Rio:
— Thiago (Pampolha) é um grande nome. Com eventual renúncia do Castro, tem o dever de disputar ou apoiar o nome do ex-prefeito Washington Reis, que fez bons mandatos em Duque de Caxias e é uma forte liderança do MDB.
Fonte: O Globo