Castro vai a Brasília em busca de sobrevida à candidatura ao Senado pelo PL
Enviado Sexta, 18 de Julho de 2025.Movimento se dá depois de Bolsonaro indicar um caminho ainda mais à direita no estado, sem espaço para quadros pouco identificados com a essência bolsonarista
Depois de dias conturbados na direita do Rio, com intervenção direta de Jair Bolsonaro (PL), o governador Cláudio Castro (PL) foi a Brasília buscar sobrevida para sua candidatura ao Senado — colocada em xeque pelo próprio ex-presidente. Ele teve conversas com o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o chefe da futura federação formada por União Brasil e PP, Antonio Rueda. O movimento se dá depois de Bolsonaro indicar um caminho ainda mais à direita no estado, sem espaço para quadros pouco identificados com a essência bolsonarista e os anseios de enfrentamento ao Judiciário.
Na semana passada, Bolsonaro colocou em curso um movimento para arrumar a casa no Rio. A crise foi provocada pelo presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), que exonerou o secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB), enquanto atuava como governador em exercício. A família Bolsonaro é aliada de Reis e passou a manifestar descontentamento com a eventual candidatura de Bacellar ao governo em 2016. Principal construtor do lançamento do líder da Alerj ao Palácio Guanabara, Castro acabou, segundo interlocutores, sendo “queimado no mesmo balaio”.
De Valdemar, o governador ouviu que é importante tê-lo no PL para assegurar ao partido o comando da máquina, que seria responsável por cerca de metade da bancada federal da sigla pelo Rio, enquanto a outra parcela é de deputados mais bolsonaristas propriamente ditos. Mesmo assim, Castro manteve com Rueda um plano B, e a federação PP-União é o caminho natural caso Bolsonaro volte a implicar com o governador até o ano que vem. O ex-presidente é considerado até por aliados alguém imprevisível e explosivo, e não são baixas as chances de se colocar de novo contra aliados menos radicais.
Com Flávio, no entanto, a conversa serviu para aparar arestas. O movimento de ventilar para o Senado o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, foi uma forma de Bolsonaro mostrar que dá as cartas no Rio, e não algo efetivo, relatam aliados.
— Meus candidatos ao Senado pelo Rio são Cláudio Castro e Flávio Bolsonaro. O resto é conversa fiada — afirma o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que tem Sóstenes como “representante” na política.
O discurso que prega o impeachment de ministros do STF no futuro Senado, avaliam interlocutores, é mais uma narrativa do que um movimento que seria de fato consolidado, dada a dificuldade política de fazê-lo. Castro é visto por Bolsonaro como “amigo” das Cortes superiores, nas quais responde ou respondeu a processos, e por isso não seria confiável para emplacar a agenda. Já em relação ao projeto de anistia, este sim decisivo para o ex-presidente, o governador impõe menor rejeição.
O cálculo no PL é de que Flávio, como candidato à reeleição, atrai o voto ideológico do bolsonarismo. Castro, então, entraria com a força da máquina estadual e o apoio de prefeitos. Há duas cadeiras em disputa no ano que vem.
Apesar de mal avaliado, o governador se considera viável para uma eleição em que não precisa ter a maioria dos eleitores, e sim cerca de um quarto. Também há, no entanto, quem recomende a ele uma candidatura mais garantida a deputado, já que um eventual nome forte alinhado ao prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), teria potencial para abocanhar uma das vagas.
Fonte: O Globo