Appy diz que grosso do desafio restante da reforma tributária não está mais na parte legislativa

Enviado Quinta, 27 de Março de 2025.

Secretário destacou que os próximos passos são infralegais, como a elaboração do regulamento do CBS e IBS, e operacionais, como a finalização e do teste do sistema de arrecadação do novo tributo

Ainda é preciso finalizar o envio ou tramitação de alguns projetos de lei, mas a maior parte do que resta definir na reforma tributária não está mais na parte legislativa, e sim na parte infralegal e operacional, afirmou nesta terça-feira (25) o secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy.

"Falta finalizar a tramitação do projeto de lei complementar 108, que está no Senado e define algumas questões específicas de Estados e Municípios, como a forma de governança e estrutura do Comitê Gestor, a distribuição de receitas e também o envio da lei ordinária que define alíquotas do Imposto Seletivo (IS), mas o grosso do desafio não está na parte legislativa, mas na parte infralegal e operacional", afirmou Appy, em evento na Fiesp.

Entre os próximos passos na trilha infralegal, seguiu Appy, estão a elaboração do regulamento do CBS e IBS, que precisa ser aprovado em ato conjunto pelo Executivo e o Comitê Gestor. Já na parte operacional, está a finalização e os testes do sistema de arrecadação do novo tributo, "que é totalmente novo porque, na prática, não dá para aproveitar quase nada do que existe, somente os documentos eletrônicos", comentou Appy.

O secretário detalhou que haverá sistemas separados para gerir o CBS o IBS, mas que a interface para o contribuinte será uma só. Alguns projetos-pilotos poderão ser colocados para teste já no fim do ano, acrescentou.

"Quanto mais cedo sair o regulamento, melhor para as empresas, que precisarão de tempo para se adequar. Vai ser necessário algum investimento [nesse processo], mas certamente não será nada parecido com o de hoje, porque a nova regra será muito mais simples que a atual."

No caso do creditamento das empresas ao longo da cadeia, exemplificou Appy, o módulo que vai entregar a declaração pré-preenchida a partir dos documentos fiscais de saída e entrada já está em desenvolvimento e a expectativa é que possa ficar pronto até o fim do ano.

Appy também detalhou como acredita que os impactos da reforma se distribuirão ao longo do seu período de implementação. Ele divide os efeitos da reforma em três: complexidade, atração de investimentos e distorções alocativas.

"A parte da complexidade avança bastante com a extinção do PIS/Cofins em 2027, mas o grosso vai ocorrer apenas com a extinção do ICMS em 2033. O benefício aos investimentos e exportações é ao longo da implementação, os entraves federais começam a cair a partir de 2027, os estaduais, entre 2029 e 2033. Já as distorções se darão em um período mais longo que supera a implementação do novo sistema, à medida em que as empresas começaram a olhar e se planejar usando como base o novo sistema tributário."

 

Fonte: Jornal Valor Econômico