Brasil-EUA: Estados mostram seus projetos para atrair investimentos
Enviado Terça, 25 de Março de 2025.No evento em Nova York, sete governadores apresentam suas apostas de crescimento, que incluem projetos de desestatização, parcerias com o setor privado e apostas na economia verde
A uma plateia de empresários e investidores brasileiros e americanos, no Summit Valor Econômico Brazil-USA, em Nova York, sete governadores brasileiros mostraram os atrativos de seus estados e destacaram o potencial de ações de sustentabilidade ambiental e uma agenda de concessões, privatizações, parcerias com o setor privado e medidas duras para equilibrar as contas públicas e atrair investimentos.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por exemplo, aposta em uma agenda liberal para dobrar a capacidade de investimento do estado nos próximos anos com um conjunto de desestatizações, além de uma reforma administrativa para reduzir o tamanho da máquina pública. A principal bandeira do governo paulista é a venda da Sabesp, empresa de saneamento, que deve ser concluída em junho.
Tarcísio disse que devem ser contratados mais de R$ 300 bilhões em investimentos em São Paulo nos próximos anos. Ele afirmou que o estado tem um programa “muito ambicioso” de investimentos em infraestrutura, como os trens intercidades, a expansão de linhas do metrô e a conclusão do Rodoanel, e aposta também em PPPs na área social:
— Teremos parceria público-privada de parque, educação, habitação. Estamos investindo muito na parceria.
Rio é o segundo maior consumidor, diz Castro
Já o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), afirmou que, na perspectiva da Reforma Tributária, o Rio é o segundo maior mercado consumidor do Brasil e, com isso, “tende a ser, nos próximos anos, um dos estados com maior potencial de investimento.” O governador citou “a vocação energética do Rio”, responsável por 85% da produção de petróleo e de cerca de 77% de gás natural do país. Além disso, o estado está testando a primeira planta de eólica offshore.
— A única planta de eólica offshore em teste hoje fica no Rio — disse Castro.
Ele citou dados do aumento de abertura de empresas no estado. E disse que, só em abril, foram mais de 7 mil novos CNPJs na Junta Comercial do Rio.
— Éramos o 23º e 24º colocados na abertura de empresas e empregos até 2021. Há dois anos ocupamos a segunda colocação no ranking nacional — afirmou.
Pará fechará comercialização de créditos de carbono, diz Helder
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), destacou ações na área ambiental. Ele afirmou que o estado fechará em junho a comercialização de dois milhões de toneladas em créditos de carbono. O Pará, ressaltou, possui 156 milhões de toneladas de carbono a serem comercializadas até 2026, com cada tonelada a US$ 15. Os recursos arrecadados, segundo o governador, serão repartidos com os povos tradicionais, isto é, indígenas, quilombolas e pequenos agricultores.
— O Pará possui 75% do seu território de floresta nativa e aposta na viabilidade de uma nova economia verde — afirmou.
Além disso, Barbalho disse que o Pará fará, no segundo semestre deste ano, a primeira concessão de áreas de restauro do Brasil, de 10 mil hectares. A expectativa é que o estado arrecade R$ 1,7 bilhão, com geração de mais de três mil empregos.
Mato Grosso poderá liderar o agronegócio por décadas
O governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União), disse que o Brasil tem potencial de liderar o agronegócio no mundo por décadas, diante do quadro de mudanças climáticas, o que exigirá um novo modelo de desenvolvimento sustentável.
— Quando olhamos para o mundo e, principalmente, para a Ásia, percebemos que muitos países conseguiram um modelo de desenvolvimento sustentável, que tem permitido uma grande transformação. O Brasil caminha numa velocidade menor. Se não formos capazes de encontrar um modelo um pouco mais acelerado, a distância provavelmente aumentará — afirmou Mendes
Ele acrescentou que, no início de sua gestão, foi obrigado a adotar uma política fiscal rígida:
— Conseguimos garantir um modelo de investimento com capital próprio. Hoje, 20% daquilo que arrecadamos de impostos está se transformando em investimentos.
Brasil poderá atender demanda global por energia verde, diz Caiado
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), frisou o potencial do Brasil para atender a demanda global por energia verde, com fontes como biomassa e etanol. E apontou a necessidade de “medidas drásticas”, como ajuste fiscal e reforma administrativa, para atrair investimentos. Ele defendeu mais autonomia para os governadores.
— O potencial de cada estado depende da conduta de cada governador, daquele que tem a coragem de assumir medidas duras. Se tem um custo Brasil, esse custo tem de ser diminuído em cada estado. Modéstia à parte, nós estamos fazendo nossa tarefa de casa — frisou Caiado, mencionando incentivos à industrialização e à liberdade econômica, além de ações na área de segurança pública, como prioridades em sua gestão.
Mato Grosso do Sul é potência agroambiental, diz governador
O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), afirmou que o estado é uma potência agroambiental.
— A agricultura tropical brasileira é muito diferente daquela em países de clima temperado, em termos de pegada de carbono. Temos relações de competitividade diferentes. Isso, talvez, seja uma das nossas grandezas — disse Riedel.
O governador ressaltou que a questão ambiental também pode ser vista como um ativo, como oportunidade de investimento:
— Nossa lei ambiental talvez seja um exemplo para o mundo.
Riedel disse ainda que, nos últimos dez anos, o Mato Grosso do Sul reduziu de 22 milhões para 17 milhões de hectares sua área de pastagens e mesmo assim aumentou sua produção.
— Crescemos 6,5% em 2023, e este ano a previsão é de 5,8%. É a demonstração que estamos na direção certa — afirmou.
O Mato Grosso do Sul, disse Riedel, tem investido para melhorar a infraestrutura e elevar a produtividade, com custos mais baixos, e conta com a participação do setor privado. Ele lembrou que, no segundo semestre deste ano, o estado vai leiloar 900 quilômetros de rodovias.
Governador do Paraná defende privatizações
O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), por sua vez, defendeu uma agenda de privatizações e concessões, em meio a um ambiente político favorável:
— Nós não gastamos muito tempo brigando politicamente. O governador se dá bem com o presidente da Assembleia, com o presidente do Tribunal de Justiça, com os órgãos de regulação, e isso cria um ambiente de paz política para o investidor, que quer trabalhar, pagar seu imposto e gerar emprego.
O governador listou alguns dos atrativos econômicos do estado, como ser o maior gerador de energia do país. Ele ressaltou que 18% de toda energia do país é produzida no Paraná, e 98% são de energia limpa.
— Além disso, somos os maiores produtores de proteína animal e o segundo maior produtor de grãos do Brasil. Temos industrializado tudo isso para que o valor agregado da produção do agro fique no estado, gerando emprego e renda — afirmou Ratinho Junior.
Prefeituras do Rio e de SP foram representadas
Representantes das prefeituras de São Paulo e do Rio Janeiro presentes no Summit exaltaram a importância das duas capitais para a economia nacional. O secretário de Fazenda de São Paulo, Luiz Fernando Arellano, ressaltou a descarbonização da frota de ônibus da cidade como o principal projeto de investimento para os próximos anos. Segundo ele, são necessários R$ 35 bilhões até o fim de 2035 para a substituição completa da frota.
Já Alexandre Vermeulen, presidente da Invest.Rio, empresa de promoção e atração de investimentos da cidade, listou algumas iniciativas da prefeitura carioca para tornar o município um polo de tecnologia. Ele destacou a inauguração do hub de inovação Porto Maravalley, capitaneado pela nova faculdade do Instituro de Matemática Pura e Aplicada (Impa).
O Summit Valor Econômico Brazil-USA foi apresentado por Banco Master, com patrocínio master de Gulf e JBS, patrocínio de Gerdau, JHSF, Cedae, Copel e AEGEA, além do apoio da cidade de São Paulo, dos governos de São Paulo, Mato Grosso, Pará e Goiás, e do Invest.Rio. Latam e Delta foram as companhias aéreas oficiais. A realização foi do Valor Econômico.
Fonte: O Globo