Empresas de streaming criam associação no Brasil
Enviado Quinta, 13 de Março de 2025.Os serviços de vídeo sob demanda (VOD na sigla em inglês) que atuam no Brasil se organizaram em torno de uma associação que está sendo anunciada nesta quarta-feira, dia 12. Batizada de Strima, a organização foi concebida por cinco dos maiores serviços de streaming com atividades no país: Globoplay, Netflix, Disney+, Prime Video (Amazon) e Max (Warner Bros., controladora da HBO).
“Os negócios de streaming têm ganhado visibilidade e se tornaram uma força motriz no desenvolvimento do setor de audiovisual. A Strima nasce com a missão de dialogar com todos os envolvidos, o que inclui poder público, empresas e profissionais”, diz Luízio Felipe Rocha, diretor-executivo da associação. Segundo ele, o objetivo é ter “um espaço de diálogo construtivo e institucional para estimular políticas públicas que levem em consideração as diversas particularidades do streaming.”
A associação também quer conversar com as outras organizações representativas do setor para entender quais são as necessidades dos “stakeholders” e produzir estudos de impacto econômico que ajudem balizar as discussões, considerando os diversos modelos de negócio e formas de atuação dos serviços de VOD.
As conversas para criar a associação começaram no ano passado e decorrem de uma conjunção de fatores que fizeram as empresas fundadoras entenderem que era necessário criar um fórum para fortalecer o desenvolvimento do streaming, à medida que o setor se torna mais relevante no investimento em produção audiovisual e na capacitação de profissionais, diz o executivo.
O Brasil é o principal mercado de vídeo sob demanda da América Latina e um dos maiores do mundo. Quase um terço dos 83 milhões de assinantes latino-americanos de streaming está no país, e a expectativa é que esse número cresça ainda mais, com estimados 40 milhões de assinaturas em 2027, revela estudo do Banco Mundial publicado neste ano. Em média, mostra o levantamento, o espectador brasileiro passa quatro horas por dia vendo TV, seja por radiodifusão ou streaming.
O setor de audiovisual como um todo é responsável por cerca de 657 mil empregos diretos, indiretos e induzidos no Brasil, de acordo com a Oxford Economics/MPA, de análise de mercado. Desse total, 126,6 mil são vagas diretas. O setor também contribui com aproximadamente R$ 55 bilhões para o PIB brasileiro.
Um dos pontos que requerem atenção, diz Rocha, é a regulamentação das atividades de VOD. Atualmente, dois projetos de lei sobre o assunto tramitam no Congresso: o PL 2.331/2022, que já foi aprovado no Senado e está em análise na Câmara dos Deputados, e o PL 8.889/2017, também em discussão na Câmara. “A Strima reconhece a importância desse debate, mas acredita que é preciso levar em consideração a realidade econômica brasileira. As discussões estão amadurecendo”, afirma o executivo.
Outro tema importante se refere aos reflexos da Reforma Tributária, cuja Emenda Constitucional foi promulgada em dezembro de 2023. A primeira Lei Complementar foi aprovada em dezembro do ano passado, sendo sancionada em janeiro. A reforma tem forte impacto no setor de serviços, diz Rocha, o que terá repercussão no setor de audiovisual.
A Strima está aberta a todas as esferas de poder público, mas, por causa das características do setor, os principais interlocutores no poder público devem ser o Executivo e o Legislativo federais, afirma o diretor.
O conteúdo dos streamings tem ganhado reconhecimento rapidamente, com vitórias em festivais e premiações importantes. O filme “Ainda estou aqui”, que deu ao Brasil seu primeiro Oscar, de Melhor Filme Estrangeiro, é uma produção original Globoplay.
“O streaming se tornou a grande vitrine das produções brasileiras no mundo. Da mesma forma, permitiu que mais conteúdo de outros países chegasse ao Brasil”, afirma o diretor da Strima. “Queremos que os brasileiros se vejam na tela, não só no país, mas no mundo todo.”
Fonte: Jornal Valor Econômico