Renegociação de dívidas dos estados será sancionada com vetos, mas texto principal será mantido

Enviado Terça, 14 de Janeiro de 2025.

Lula deve barrar possibilidade de usar Fundo de Desenvolvimento Regional e petróleo como abatimento
O projeto de renegociação da dívida dos estados será sancionado nesta terça-feira, com vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A proposta pode zerar os juros para o pagamento das dívidas dos entes da federação com a União, e os valores ficariam corrigidos apenas pelo IPCA, índice de inflação.
Para isso, porém, os estados terão que seguir algumas condições para o abatimento do índice de juros pago hoje, que é de 4%.
O texto deve ser sancionado e publicado no Diário Oficial desta terça-feira.
Entre os vetos de Lula, devem estar trechos que foram acrescentados pela Câmara dos Deputados, como a possibilidade de usar verbas de exploração de recursos naturais (petróleo, gás, energia, etc) e do novo Fundo de Desenvolvimento Regional (FNDR), criado com a Reforma Tributária, para abatimento dos juros.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o chefe da Casa Civil, Rui Costa, além do líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), se reuniram nesta segunda-feira com o autor do projeto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para discutir os vetos em acordo.
Após a reunião, que ocorreu no início da noite, os ministros se encontraram com Lula para acertar o texto final de sanção.
Os ministros e o líder afirmaram ao presidente do Senado que o essencial do projeto será mantido, como redução dos juros, alongamento da dívida e o uso dos ativos para o abatimento. Para aliados de Pacheco, a redução dos juros continuará sendo substancial.
A proposta aprovada prevê quatro possibilidades para abatimento dos juros:

  • redução de um ponto percentual se o estado entregar ativos que equivalem de 10% a 20% do estoque da sua dívida;
  • redução de mais um ponto percentual se o estado entregar um ativo superior a 20% do valor da dívida;
  • redução de outro ponto percentual se o dinheiro que seria destinado para o pagamento de dívidas for direcionado para investimentos em educação, segurança pública ou em universidade estaduais;
  • redução de mais um ponto percentual se o dinheiro for destinado a um fundo de investimentos criado pelo projeto, chamado de Fundo de Equalização.

Além dos abatimentos, o texto permite o pagamento da dívida em até 30 anos. Atualmente, a dívida dos estados com a União é de cerca de R$ 760 bilhões, mas é altamente concentrada em quatro entes: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
A tendência é que o governo federal passe a receber apenas o equivalente ao IPCA, se os estados conseguirem abater os 4% de juros.
Em qualquer cenário, porém, após a adesão do plano, os estados terão de destinar ao menos 1% do que seria pago de juros para o Fundo de Equalização.

Fonte: O Globo