Corte de gastos começará com redução dos super salários
Enviado Terça, 15 de Outubro de 2024.O pacote de corte de gastos já está na mesa do presidente Lula. Ele nos próximos dias deve decidir por onde ir. Mas o primeiro item a ser cortado serão os supersalários do setor público, que entre outras coisas desrespeita a lei do teto dos salários O cálculo é que vão ser economizados de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões por ano apenas fazendo cumprir a lei que estabelece um limite para os salários na esfera pública.
O objetivo da equipe econômica com o pacote de corte de gastos é uma redução nas despesas de meio ponto percentual do PIB, o que permitiria o cumprimento da meta em 2025 sem nenhuma medida de aumento de arrecadação. Até agora o governo vem aumentando a arrecadação para cumprir a meta, mas agora é realmente um pacote de corte de despesas, segundo me disseram.
Entre as medidas estão sendo pensadas um dos focos são os programas sociais para torná-los mais eficientes e mais focados realmente no grupo que devem atender. O abono salarial é um dos programas em análise, mas ainda não se sabe exatamente qual seria a mudança.
A equipe econômica está estudando também os gastos da área militar. O corte, no entanto, não deve ser no custeio, que já foi bastante reduzido.
Há ainda a meta de mudar o seguro-desemprego para ele não seja um estímulo à rotatividade.
Ao mesmo tempo que preparam o pacote de corte de gastos, a equipe trabalha para aperfeiçoar políticas públicas.
Dessa vez, afirmam fontes, não se está falando em reduzir isenções, mas em corte de despesa mesmo. A equipe econômica está analisando há bastante tempo as contas públicas e avalia que alguns gastos não deveriam estar sendo feitos ou estão sendo feitos de forma errada e mais cara do que deveria.
Nesse pacote de corte há medidas que dependem do Congresso e outras que podem ser feitas por decisão do Executivo. Mas são medidas para serem aprovadas este ano. Como disse uma fonte: "Se nós determinássemos o rumo dos acontecimentos, seria assim, aprovava este ano todo, ficava tudo já em vigor para no ano que vem reduzir a despesa em meio ponto percentual e poder cumprir a meta."
Esse assunto ocupa integrantes dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, que cuidam de despesas e Orçamento. Estão todos olhando essas questões exatamente para reverter a impressão de fragilidade do arcabouço fiscal. Essa percepção já está cobrando seu preço em termos de juros futuros que têm subido muito nos últimos dias, tornando mais caro o financiamento da dívida pública de longo prazo. A equipe econômica acredita que esse pacote de corte de gasto terá um efeito benéfico extra que é comprovar o compromisso do governo com o arcabouço fiscal.
Recentemente, quando promoveu a nota de risco do Brasil, a agência de risco Moody's avaliou que o arcabouço tem confiabilidade moderada. O que governo quer é aumentar a confiabilidade no arcabouço fiscal.
Fonte: O Globo