Proposta de regulamentação da tributária segue parada na Câmara
Enviado Segunda, 20 de Maio de 2024.Regulamentação da tributária foi entregue pessoalmente pelo ministro da Fazenda ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)
O texto da regulamentação da reforma tributária sobre o consumo está parado na Câmara dos Deputados há quase um mês, e sem previsão de que o grupo de trabalho para discutir o tema seja instalado.
Entregue pessoalmente pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em 24 de abril, a proposta ainda não andou. Depois de levar o texto a Lira, Haddad disse que o presidente da Casa Baixa havia se comprometido a votar o texto ainda no primeiro semestre.
O prazo começa a ficar apertado, já que em junho os deputados costumam viajar para festas de São João no Nordeste e também intensificar as pré-campanhas para as eleições municipais.
Na semana seguinte à entrega, os deputados tiveram uma semana de recesso informal, aproveitando o feriado de 1º de maio. Ao retornarem aos trabalhos parlamentares, os congressistas acabaram concentrados em aprovar projetos voltados à resposta da calamidade enfrentada pelo Rio Grande do Sul após as fortes chuvas e enchentes que assolaram o estado.
Durante a semana, Lira mencionou que os nomes do grupo de trabalho seriam anunciados na quarta-feira (15/5), o que não ocorreu. A expectativa é de que os parlamentares escolhidos debatam a matéria em até 50 dias com setores envolvidos e membros da sociedade civil.
“Devemos ter cuidado com todas as entidades que acham que devem ter alíquotas diferenciadas”, pontuou o alagoano. O presidente da Câmara reforçou o compromisso de aprovar o texto até julho, para que chegue ao Senado Federal em agosto.
Os planos do governo incluem aprovar no primeiro semestre a proposta na Câmara e, no segundo, tentar aprová-la no Senado. No entanto, com o grupo de trabalho ainda a ser instalado, o texto corre o risco de ficar paralisado até as eleições municipais, em outubro.
No segundo semestre, o Congresso Nacional não deve ter votações relevantes, uma vez que deputados e senadores estarão concentrados em seus redutos eleitorais para o pleito municipal.
A proposta de emenda à Constituição (PEC) que institui a reforma tributária foi aprovada e promulgada no fim de 2023. O projeto de lei complementar enviado pela equipe econômica regulamenta detalhes da reforma.
O texto já entregue ao Legislativo institui o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto Seletivo (IS). A alíquota é o carro-chefe da reforma, que vai incidir sobre o consumo e deve ser de 26,5%. Mas existe a possibilidade de chegar a 27% devido a algumas exceções.
Os dois impostos compõem o IVA e serão geridos, respectivamente, pela União e por estados, Distrito Federal e municípios. Dessa forma, serão divididos no IVA federal o CBS, que substituirá o IPI, PIS e Cofins; e no IVA subnacional, o IBS, que sucederá o ICMS (estadual) e o ISS (municipal).
A proposta de regulamentação da reforma tributária prevê isenção das alíquotas do IBS e do CBS sobre alimentos que compõem a cesta básica. O plano, no entanto, limita o número de produtos isentos a 15.
Cigarros, bebidas alcoólicas e açucaradas, veículos poluentes, extração de minério de ferro, petróleo e gás natural estarão sujeitos à cobrança do Imposto Seletivo, que ficou conhecido como “imposto do pecado”. A ideia é desestimular o consumo de produtos que possam provocar mal à saúde ou ao meio ambiente.
Uma das sugestões da regulamentação é a devolução de parte dos impostos pagos pela população, o chamado “cashback do povo”, que será destinada às famílias que recebem até meio salário mínimo.
Outra proposta do governo diz respeito à redução em 30% das alíquotas do IBS e da CBS sobre a prestação de serviços de 18 profissões. São categorias regulamentadas com natureza científica, literária ou artística.
Fonte: Site Metrópoles