Governadores defendem agenda liberal para atrair investimentos
Enviado Quinta, 16 de Maio de 2024.Ajuste fiscal, privatizações e reformas estiveram entre as medidas elencadas para ampliar potencial econômico dos Estados
Governadores defenderam na quarta-feira (15), em Nova York, uma agenda de concessões, privatizações e parcerias público-privadas (PPPs) para ampliar os investimentos nos Estados.
A uma plateia de empresários e autoridades, no Summit Valor Econômico Brazil-USA, eles citaram medidas como ajuste fiscal e reforma administrativa para atrair investidores. O evento contou com a participação de sete governadores: Tarcísio de Freitas (São Paulo), Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Ronaldo Caiado (Goiás), Ratinho Junior (Paraná), Helder Barbalho (Pará), Mauro Mendes (Mato Grosso) e Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul).
O chefe do Executivo paulista disse que pretende dobrar os investimentos no Estado com privatizações e concessões. A principal desestatização será a da Sabesp, que deve ser concluída em junho. Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que o leilão da empresa é o próximo a ser realizado.
Ele afirmou que o Estado tem um programa ambicioso de investimentos em infraestrutura e citou como exemplo os trens intercidades, a expansão do metrô e a conclusão do Rodoanel. Fez menções ainda a PPPs para a área social. “Estamos investindo muito na parceria com o setor privado”, disse.
No Pará, o governo fará a primeira concessão de 10 mil hectares de áreas de restauro do Brasil no segundo semestre. Helder Barbalho (MDB) disse que o Estado deve arrecadar R$ 1,7 bilhão com a iniciativa e gerar mais de 3 mil empregos. “Essa concessão representa em 40 anos a redução e a captura de carbono que se assemelha a 2,5 milhões de viagens aéreas entre Belém e São Paulo”, disse.
O governador do Pará afirmou que o Estado encerra em junho a comercialização de 2 milhões de toneladas de carbono. Cada uma saiu por US$ 15. O Estado, disse Barbalho, tem 156 milhões de toneladas de carbono a serem comercializadas até 2026, e os recursos arrecadados com a venda de créditos serão compartilhados com indígenas, quilombolas e pequenos agricultores. “O Estado que tem 75% do território de floresta nativa aposta na construção da nova economia verde.”
Defensor de privatizações e concessões, Ratinho Junior (PSD) afirmou que o ambiente político no Paraná é favorável à atração de investimentos. “Não gastamos tempo brigando politicamente”, disse. “Construímos um ambiente que facilita a vida de quem quer investir, fazendo com que o Estado não seja um problema.”
Ratinho convidou os investidores a participar dos leilões de rodovias do Paraná. Dois dos seis lotes já foram concedidos. A licitação de mais dois será feita em novembro, e a dos restantes em 2025. O governador citou ainda que o Paraná deve fazer PPPs na área de saneamento no dia 21.
No Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB) afirmou contar com a participação do setor privado para melhorar a infraestrutura e a produtividade. O governador informou que no segundo semestre o Estado vai leiloar 900 quilômetros de rodovias. “Temos bons projetos para atrair o capital privado.”
Riedel disse que a questão ambiental é vista como um ativo e uma oportunidade de investimento, e não pode antagonizar com o agronegócio. O governador relatou que, na última década, o Mato Grosso do Sul passou de 22 milhões para 17 milhões de hectares de pastagem e, ainda assim, teve aumento de produção.
Ronaldo Caiado (União), de Goiás, defendeu “medidas drásticas”, como ajuste fiscal e reforma administrativa, para atrair investimentos. “O potencial dos Estados depende da conduta do governador, de quem tem coragem de assumir medidas duras, para poder, mesmo perdendo musculatura política, mostrar o caminho.”
Caiado disse que está promovendo incentivos à industrialização e à liberdade econômica para facilitar novos negócios. “Se tem um custo Brasil, ele tem de ser diminuído em cada Estado”, disse.
Mauro Mendes (União) também defendeu uma política fiscal “rígida” para ampliar os investimentos no Mato Grosso e disse que com a medida conseguiu garantir um modelo de investimento com capital próprio, que gravita em torno de 20% da receita. “A eficiência e o investimento em infraestrutura são os dois pilares do nosso modelo de crescimento.”
Durante o evento, Cláudio Castro (PL), afirmou que o Rio de Janeiro tem um dos maiores potenciais de investimento no país. Na perspectiva da reforma tributária, disse, o Rio é o segundo maior mercado consumidor do Brasil. “O Rio tente a ser, nos próximos anos, um dos Estados com maior potencial de investimento”, afirmou.
Castro disse que está investindo em governança digital e citou dados do aumento de abertura de empresas. Em abril, foram mais de 7 mil novos CNPJs na Junta Comercial do Rio. “Éramos o 23º e 24º colocados na abertura de empresas e empregos até 2021. Há dois anos ocupamos a segunda colocação [nacional] nos dois quesitos”.
Alexandre Vermeulen, presidente da Invest.Rio, destacou também a atratividade da capital para negócios. “Somos líderes e referência em setores da economia do país. Somos a capital da energia, óleo e gás, da saúde, da biotecnologia, das novas finanças, turismo, economia criativa e educação.”
O secretário de Fazenda do município de São Paulo, Luiz Fernando Arellano, destacou a descarbonização da frota de ônibus da cidade - uma das maiores do mundo, com 13 mil veículos - como o principal projeto de investimento da capital paulista para os próximos anos. Segundo ele, serão necessários R$ 35 bilhões até o fim de 2035 para a substituição completa da frota.
“É uma oportunidade muito grande tanto para a indústria nacional, quanto para a indústria internacional, de trabalhar nessa transição energética junto com a cidade de São Paulo”, afirmou.
Fonte: Jornal Valor Econômico