Petróleo leva Rio a ser Estado que mais vende à China
Enviado Segunda, 16 de Outubro de 2023.Commodity representa 96% dos embarques e faz região ultrapassar MG e MT na exportação a gigante asiático
O aumento nas vendas de petróleo fez o Rio de Janeiro voltar a ser o Estado que mais exporta para a China, principal mercado consumidor brasileiro dos produtos brasileiros. A última vez que o Estado tinha ocupado essa posição havia sido em 2020.
No total, o Rio vendeu US$ 12,3 bilhões para a China de janeiro a setembro, 32% mais que no período do ano passado, e o petróleo foi o grande responsável por essa disparada - 96% do que sai da região com destino à segunda maior economia do mundo é formado por petróleo.
Os dois Estados que ocuparam os primeiros lugares no ano passado até aumentaram as vendas para os chineses nos nove primeiros meses deste ano, mas não com tanto força. Minas Gerais, líder no ano passado, viu os embarques crescerem 2%, e Mato Grosso teve alta de 10%.
Diferentemente do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso não têm as exportações tão concentradas em um só produto. No primeiro Estado, a liderança é do minério de ferro, com 56% das vendas, seguido pela soja (20%). No segundo, a soja concentra 80% das exportações para os asiáticos, ante 9% do milho. O segundo item mais vendido pelos fluminenses neste ano foi o minério de ferro, com 3%.
A ascensão do Rio de volta ao topo do ranking reflete a importância cada vez maior das exportações de petróleo para a balança comercial brasileira, especialmente para os chineses, que são os maiores compradores da commodity do país.
De janeiro a setembro, 47% do produto nacional teve a China como destino, ante 22% nos mesmos meses de 2014. Na comparação entre esses mesmos períodos, a exportação total brasileira de petróleo teve aumento de 145%, para US$ 30 bilhões, e só perde para a soja no ranking dos produtos mais vendidos.
Neste ano, o Brasil é o sétimo país que mais vende petróleo para a China, com 7% do total, à frente de tradicionais fornecedores como Kuait e Angola, que são membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), cartel que reúne grandes produtores.
Dos quase US$ 14 bilhões que o Brasil vendeu em petróleo para a China nos nove primeiros meses deste ano, 85% saíram do Estado do Rio de Janeiro.
E o aumento das exportações fluminenses não se deveu à alta do barril no mercado internacional. Enquanto as vendas do Estado para China cresceram 32% em valor, em volume a alta foi ainda maior: de 62%. O preço médio do barril tipo Brent (referência no mercado internacional) de janeiro a setembro foi de US$ 81,99, 22% menos que no mesmo período do ano passado.
Apesar de a China ser o maior mercado para as exportações brasileiras (com 27,5% do total, ou US$ 69 bilhões) e de o Rio de Janeiro ser o Estado que mais embarca produto em valor para o gigante asiático, cabe a São Paulo o posto de unidade da federação que mais vende para o exterior.
Para São Paulo, porém, o principal destino são os Estados Unidos, com US$ 8,7 bilhões (ou 17% do total), seguido pela China, com US$ 7,3 bilhões, e pela Argentina (US$ 5,3 bilhões). No ranking dos exportadores para a China, São Paulo está em quinto lugar, atrás ainda do Pará.
Parte da explicação passa pela característica das vendas paulistas para o exterior. De janeiro a setembro deste ano, a parcela de produtos mais primários, fora da indústria de transformação, atingiu 14,95% do que São Paulo vendeu para o exterior. Produtos de alta e de média-alta tecnologia, juntos, tiveram fatia de 36,3% na exportação do Estado.
Tirando São Paulo, as exportações brasileiras de produtos sem tecnologia representaram 57,1% do total, já os itens de alta e de média-alta tecnologia somaram 8,3%.
As compras chinesas de produtos brasileiros são basicamente de produtos fora da indústria de transformação: com 82,5% do total nos nove primeiros meses deste ano. Os produtos de alta e de média-alta tecnologia, por sua vez, somaram apenas 0,9% das importações do gigante asiático de janeiro a setembro.
Fonte: Valor Econômico