Governo do Rio quer ajustar benefício fiscal a combustível de aviação para atrair mais voos ao estado
Enviado Sexta, 13 de Janeiro de 2023.A Secretaria de Fazenda do Rio de Janeiro está trabalhando junto às empresas aéreas para ampliar resultados trazidos pela redução da alíquota do ICMS que incide sobre o combustível de aviação (QAV). A meta é atrair mais voos aos aeroportos fluminenses, sobretudo ao Galeão.
Na segunda-feira, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, assinou um decreto renovando a redução do ICMS sobre o QAV no estado. A alíquota do tributo foi reduzida de 25% para 12% em 2019. No ano passado, subiu a 13,3%, agora cai a 12% novamente até o fim de 2024.
A medida, costurada com base em diálogos com as empresas aéreas brasileiras, saiu com a garantia de que 150 novos voos serão operados por Gol, Azul, Latam e Voepass no estado de São Paulo.
No Rio, empresas, representantes do setor de turismo e autoridades vêm trabalhando, principalmente, para que seja encontrada uma solução para o Galeão, em processo de devolução à União e que teve seu leilão à iniciativa privada, previsto para ser realizado em conjunto com o do Santos Dumont, mas ainda não há decisão sobre o tema no novo governo.
Márcio França, ministro de Portos e Aeroportos, frisou que será feita uma reavaliação sobre a melhor opção para gestão desses aeroportos, incluindo manter ambos a cargo da Infraero.
— É uma afronta (deixar esses aeroportos com a Infraero). É a destruição da capacidade do estado atrair investimento. O que faz sentido é juntar os dois aeroportos para concessionar à iniciativa privada — avalia o economista Claudio Frischtak, à frente da Inter.B Consultoria.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, tem defendido que o Santos Dumont dedique suas operações à ponte aérea, enquanto o Galeão seja fortalecido como centro de conexões internacional.
Nicola Miccione, Secretário-chefe estadual da Casa Civil, de outro lado, reforça que o foco tem de estar em garantir a melhor solução para o turismo e a economia fluminense:
— Eu não acredito em gestão ruim ou boa porque é pública ou privada. Se o governo trouxer uma solução que entregue boa gestão, entendendo que os dois aeroportos têm sinergias entre si e necessidades de ajustes, corrigindo gargalos, é o que se quer. O principal benefício tem de vir para o usuário — explica.
O Galeão foi fortemente impactado pela pandemia e tem recuperado movimento de forma mais lenta que seus pares nacionais, como Guarulhos, Brasília e Campinas, para os quais vinha perdendo passageiros no últimos anos. No âmbito doméstico, concorre ainda com o vizinho Santos Dumont.
Ano passado, após questionamentos feitos pelo governo carioca e fluminense, o Santos Dumont acabou retirado da 7ª rodada de licitação de aeroportos para ser leiloado conjuntamente com o Galeão, de forma a evitar concorrência entre os dois aeroportos cariocas.
Com capacidade para receber 37 milhões de passageiros por ano, o aeroporto internacional do Rio encerrou 2022 com 5,89 milhões de viajantes, segundo dados preliminares levantados pela concessionária RIOgaleão. É expansão superior a 50% na comparação com 2021.
O maior avanço veio no fluxo de passageiros internacionais, que avançou de 582,5 mil para 2,45 milhões de um ano para o outro. Em voos, a malha internacional alcançou o equivalente a 76% da operada antes da Covid-19.
A nova ministra do Turismo, Daniela Carneiro, pretende propor uma agenda de trabalho com o ministro Márcio França “para iniciar tratativas sobre o assunto e discutir ações de fortalecimento” do Galeão, informou por meio da assessoria de imprensa da pasta.
No Rio de Janeiro, a alíquota do ICMS sobre o combustível de aviação vigorando atualmente é de 7%.
No fim de 2019, a taxa foi reduzida de 13% para até 7% para novas empresas entrantes em aeroportos fluminenses. Havia ainda faixas de desconto na alíquota escalonadas conforme a expansão na oferta de assentos prevista por companhias que já mantivessem operações no estado.
Em maio de 2021, essas faixas de redução foram retiradas, reduzindo a alíquota a 7% de forma uniforme a todas os voos de carga e passageiros.
A Secretaria estadual de Fazenda, contudo, diz que a adesão das companhias ocorreu principalmente no início de 2022. Com isso, a tabulação de dados sobre o efeito da medida ainda não está concluída.
Procurada, a RIOgaleão não comentou se a redução do ICMS impulsionou a oferta de novos assentos e voos no aeroporto.
Fonte: Jornal O Globo