Pandemia altera participação de Estados no ranking do PIB
Enviado Quinta, 17 de Novembro de 2022.Diferença nas estruturas econômicas molda mudança; concentração diminui, mas persiste
Os efeitos diferentes do primeiro ano da pandemia nas economias dos Estados, de acordo com cada estrutura local, provocaram uma mexida na participação de cada um deles na economia brasileira e nas posições do ranking.
As Contas Regionais 2020, divulgadas ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostraram que São Paulo teve queda de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, ante 2019, mais intensa que a registrada na média brasileira (-3,3%). Com isso, perdeu participação na economia brasileira, para 31,2%, embora se mantenha na liderança.
Mais afetado pela crise sanitária, o setor de serviços viu seu peso cair de 73,3% em 2019 para 70,9% em 2020. Maior economia do país, São Paulo tem um setor de serviços com ainda maior representatividade que na média nacional (77%). Houve influência especialmente de serviços de alojamento e alimentação e de atividades financeiras e de seguros, segundo o IBGE.
“A pandemia afetou os setores econômicos de formas diferentes. Dependendo da estrutura do Estado, ele foi mais ou menos afetado em 2020. O setor de serviços tem mais peso em São Paulo e menos em um Estado como Mato Grosso do Sul [55%]. No caso do Centro-Oeste, a agropecuária tem peso maior. Foi uma atividade não muito afetada pela pandemia e que ainda teve alta de preços de commodities”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Oito unidades da federação trocaram de posição no ranking de participação no PIB em 2020. Ao longo da série histórica, iniciada em 2002, apenas em 2014 e 2016 o número de movimentações de posições foi maior.
São Paulo (31,2%), Rio de Janeiro (9,9%) e Minas Gerais (9%) mantiveram suas posições no ranking no top 3 das maiores economias do país, embora tenham tido queda na participação.
Com ajuda da agropecuária, o Paraná avançou da quinta para a quarta posição. Ao mesmo tempo, o setor também colaborou para a perda do ganho relativo do Rio Grande do Sul na economia do país. O Estado sofreu influência negativa da estiagem em 2020, além das indústrias de transformação, devido ao segmento de preparação de couros.
O Pará avançou da 11ª para a 10ª posição, com apoio da indústria extrativa, ocupando em 2020 a colocação que até o ano anterior era de Pernambuco. Mato Grosso, que também se destacou em 2020 pelo desempenho da agropecuária, avançou para a 12ª posição, ultrapassando o Ceará, que caiu para a 13ª posição.
Mato Grosso do Sul subiu uma posição, para a 15ª, enquanto o Amazonas caiu para a 16ª, pois o primeiro elevou sua participação no PIB, de 1,4% para 1,6%, enquanto o segundo manteve-se com 1,5%, entre 2019 e 2020.
A despeito das mudanças no ranking, o ano de 2020 manteve o perfil de concentração da economia brasileira em poucos Estados, ainda que menos intensa. Quase dois terços (62,7%) do PIB nacional estavam em apenas cinco Estados em 2020: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. Em 2020, essa fatia era de 64%. Todo o restante é dividido pelas outras 22 unidades da federação.
“A gente vê uma concentração elevada da economia brasileira. Alguns Estados não alcançam nem 1% do PIB, como são os casos de Rondônia, Acre, Rondônia...”, diz a gerente de Contas Regionais do IBGE, Alessandra Poça.
Fonte: Jornal Valor Econômico