Governadores que buscam reeleição têm a dianteira

Enviado Sexta, 02 de Setembro de 2022.

Aposta do PSDB para se manter relevante nas próximas eleições, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, é o único dos 19 governadores candidatos à reeleição que não lidera as pesquisas de intenção de voto neste início da campanha eleitoral, mostra levantamento do Valor nas pesquisas feitas pelo Ipec, antigo Ibope, contratadas pela “TV Globo” e afiliadas.

Garcia assumiu o cargo em abril, após a renúncia do ex-governador João Doria (PSDB) para disputar a Presidência (ele acabou desistindo após pressão do próprio partido). Ele tenta manter a hegemonia do PSDB em São Paulo, Estado governado pelos tucanos há 26 anos, mas está em terceiro na pesquisa Datafolha divulgada ontem, com 15%, sem vaga assegurada no segundo turno, que seria disputado entre Fernando Haddad (PT) e Tarcísio Freitas (Republicanos).

O tempo curto à frente do Palácio dos Bandeirantes não é a única explicação para esse desempenho, como mostram os governadores de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), e do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), que também assumiram em abril após a renúncia de aliados que chefiavam o Executivo, mas estão a frente nas pesquisas. O paulista, que possui o maior tempo de propaganda na TV e rádio, tem cerca de um mês de campanha para reverter esse cenário.

Procurado, Garcia não quis comentar. Aliados dele minimizaram o desempenho fraco nas pesquisas e atribuem a ele ser desconhecido do eleitorado, o que mudará com a campanha. Afirmam ainda que o governador está com a agenda cheia de viagens para o interior para reconquistar uma região que historicamente apoiou o PSDB durante as eleições e hoje está flertando com Tarcísio e que há números positivos nas pesquisas, como baixo índice de rejeição e a crescente aprovação do governo.

Dos dezenove governadores que tentam um novo mandato, quinze lideram isolados, alguns com grande chance de vencerem já no primeiro turno, como Romeu Zema (Novo) em Minas Gerais, Mauro Mendes (União) no Mato Grosso, Ronaldo Caiado (União) em Goiás, Gladson Cameli (PP) no Acre e Renato Casagrande (PSB) no Espírito Santo. Em um dos Estados, o Pará, ainda não há pesquisa Ipec ou Datafolha divulgada sobre as chances de reeleição do governador Helder Barbalho (MDB) - a primeira será na noite de hoje.

Outros dois governadores estão em primeiro nas pesquisas, mas em situação de empate técnico, o coronel Marcos Rocha (União) em Rondônia e Wilson Lima (União) no Amazonas. Ambos disputam contra ex-governadores com forte capital político e a eleição iria para o segundo turno, de acordo com o Ipec.

O levantamento do Valor mostra a força dos incumbentes, que tiveram os cofres recheados por causa da alta da arrecadação e repasses de verbas federais desde a pandemia e, com isso, conseguiram realizar uma séria de obras em seus Estados ou colocar as contas em dia. O desempenho dos governadores contrasta com o cenário federal, onde o presidente Jair Bolsonaro (PL), assim como Garcia, não lidera as pesquisas para sua reeleição.

O Valor compilou as pesquisas divulgadas pelo Ipec para os Estados nas últimas três semanas, desde o início das campanhas eleitorais e consolidação dos candidatos. Os cenários representam a situação na data de cada sondagem e, claro, podem mudar até a eleição. O primeiro turno ocorrerá só daqui a um mês, em 2 de outubro.

No cenário geral hoje, o recém-criado União Brasil é o partido com chances de vencer em mais Estados. A sigla possui hoje quatro governadores e lidera a eleição em oito locais (quatro deles em situação de empate). Entre os territórios que podem passar a ser administrados pela legenda estão Bahia, Ceará e Piauí.

Há uma fragmentação grande, mas outros partidos que também despontam com chances de administrarem maior número de governos estaduais são: o MDB (lidera em 3 e está em segundo lugar em 2, sem contar o Pará, ainda sem pesquisa Ipec divulgada); o PSB (líder em 3 Estados e disputando em outros 2); e o PSD (a frente em 3 lugares e na segunda posição em outros 5).

PT e PL, que polarizam a disputa nacional com Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por enquanto tem desempenho fraco. Os petistas lideram em São Paulo, disputa que deve ir ao segundo turno, e reelegeriam Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte. Também disputam outros cinco Estados em segundo lugar. Hoje a sigla governo três lugares: Bahia, Rio Grande do Norte e Piauí.

Já o PL está a frente das pesquisas em apenas dois Estados. Lidera com Valmir de Francisquinho em Sergipe, mas ele foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - e não faz campanha por Bolsonaro - e com o governador Cláudio Castro no Rio de Janeiro. A sigla tem também o segundo colocado em seis lugares. O partido não tem tradição no Executivo, mas filiou Castro em maio do ano passado e depois Bolsonaro em novembro.

Os atuais governadores que buscam eleger aliados, por outro lado, ainda estão com dificuldades de transferirem os votos nesta reta inicial da campanha. Dos oito que tentam isso, só dois lideram: o ex-prefeito de Macapá Clécio Luís (Solidariedade) no Amapá e Eduardo Leite (PSDB) - que, na verdade, era o governador até março, mas deixou o cargo para seu vice com a intenção de concorrer à Presidência e, sem conseguir, tenta agora retornar ao Palácio do Piratini.

Fonte: Valor Econômico