Firjan mapeia ações para impulsionar crescimento da economia fluminense
Enviado Quinta, 11 de Dezembro de 2025.Medidas focadas podem elevar potencial de crescimento do Estado em R$ 210 bilhões em dez anos
A economia do Estado do Rio de Janeiro poderia ter acréscimo de R$ 210 bilhões em dez anos caso fossem adotadas nove linhas de desenvolvimento mapeadas pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), segundo a pesquisa “Rio de futuro: vocações e potencialidades econômicas do Rio de Janeiro”, divulgada nesta quarta-feira (10).
Os pesquisadores da Firjan informam que no cenário-base atual o Produto Interno Bruto (PIB) fluminense tem potencial de acréscimo de R$ 279 bilhões entre 2025 e 2035. Por meio de estímulos e investimentos em nove novas fronteiras de desenvolvimento, focadas em diferentes segmentos industriais no Estado, o acréscimo poderia subir para R$ 489 bilhões.
Com esse adicional de R$ 210 bilhões, seriam gerados 676 mil empregos adicionais no período. Também aumentaria de 17% para 23% a participação da indústria fluminense no PIB industrial do país, calculam os pesquisadores da Firjan.
Uma das nove recomendações do estudo é investir em transição energética com foco em baixo carbono e economia circular. Isso conduziria à geração e transmissão de energia limpa, que atrairia a indústria eletrointensiva.
Outra recomendação é desenvolver turismo, cultura e economia criativa. A Firjan também defende fomentar o complexo portuário-logístico e corredores produtivos; desenvolver o complexo da saúde, biotecnologia e farmoquímica e impulsionar a “economia do mar” - indústria naval, turismo náutico e bioeconoma marinha, além estimular estaleiros e inovação em sistemas navais e submarinos.
O plano também envolve o fomento ao complexo aeroespacial. A meta é viabilizar o Rio como centro de manutenção, reparo e operações da América Latina, para manutenção de aeronaves.
Além disso, a Firjan defende fomentos na indústria química e petroquímica avançada, em “hubs” de inovação, de tecnologia, IA e data centers; e em agroindústria e em bioeconomia territorial.
“É importante que gestores públicos tenham a percepção de todo o potencial apontado pelo estudo”, afirmou, no lançamento do estudo, o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.
O estudo foi entregue ao secretário de Estado da Casa Civil, Nicola Miccione, e ao prefeito da cidade do Rio, Eduardo Paes (PSD), que também participaram do evento. “O poder público não pode, sem ter a noção exata para onde a indústria está indo, realizar suas políticas públicas” disse Miccione. “Se não houver diálogo, se não houver clareza de onde e que tipo de ações a indústria, serviços, comércio, pretendem e de que ações demandam do governo, a gente tem uma relação perde-perde”, afirmou.
“É muito bom saber que a indústria do Rio de Janeiro, o setor produtivo do Rio de Janeiro, tem clareza de aonde quer chegar”, disse Paes.
Jonathas Goulart, economista-chefe da Firjan, afirmou que as fronteiras de desenvolvimento mapeadas pela federação não estariam livres de desafios, para serem implementadas.
Ele defendeu cooperação entre governo federal, Estados e municípios em esforços conjuntos para implementar as linhas de ação mapeadas pela Firjan. Muitas das propostas dependem de políticas específicas para destravar investimentos, disse.
“Outro ponto importante é a questão da segurança pública”, acrescentou. Ele classificou o tema como calcanhar de Aquiles para negócios do Estado. O economista citou pesquisa recente sobre o tema, feita pela Firjan, de que dois em cada três empresários fluminenses levam em conta questões de segurança, antes de investir.
Outro entrave citado por Goulart foi a instabilidade regulatória. O empresário não se sente confortável em investir, se regras de investimento mudam de forma frequente, como ocorre por vezes no Estado, afirmou.
Goulart defendeu ainda melhoras na tributação do Estado, de forma que investir, em solo fluminense, seja mais competitivo do que em outros Estados, em termos tributários.
Também citou o problema das perdas das indústrias com energia elétrica devido à qualidade inferior em infraestrutura.
Antônio Mello, diretor de relações institucionais da Stellantis, também mencionou problemas de instabilidade em fornecimento elétrico, como desafio, para seu setor.
Em painel de empresários após apresentação do estudo, Mello citou outros desafios. Além de instabilidade regulatória, já citada por Goulart, lembrou de escassez de mão de obra qualificada em solo fluminense para sua área.
Assim como Mello, Marcelo Kaiuca, vice-presidente da Firjan e presidente do Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado do Rio de Janeiro (Induscimento), também citou entraves, na área regulatória e na qualificação de mão de obra no Estado. “Precisamos atacar os problemas do nosso setor de forma coordenada”, defendeu Kaiuca.
Fonte: Valor Econômico
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