Cláudio Castro e governistas querem distância de prisão de Rodrigo Bacellar
Enviado Segunda, 08 de Dezembro de 2025.Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro deve votar nesta segunda-feira se presidente da Casa continua ou não na prisão
A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) deve votar nesta segunda-feira (8) se mantém ou revoga a prisão do presidente da Casa, Rodrigo Bacellar (União Brasil), detido preventivamente desde o dia 3 pela Polícia Federal por ter avisado ao ex-deputado Thiego dos Santos, o TH Joias, da operação que o prendeu em setembro por envolvimento com o Comando Vermelho.
O futuro do chefe do Parlamento fluminense será debatido primeiro pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), numa reunião marcada às 11h, e depois seguirá ao plenário, às 15h, numa sessão extraodinária.
De acordo com fontes do Palácio Guanabara, a prisão de Bacellar caiu como uma bomba no governo de Cláudio Castro (PL), de quem o presidente da Alerj já foi aliado próximo. Segundo o Valor apurou, o chefe do Executivo fluminense quer manter distância do caso para evitar que ele respingue na gestão estadual. Um dos motivos para isso é que o próprio governador é citado nas investigações que levaram à prisão de Bacellar.
Castro demorou mais de 24 horas para se pronunciar. Primeiro, adotou tom protocolar. Em nota na noite de quinta (4), disse que acompanha a prisão com a “devida atenção institucional”. No dia seguinte, se esquivou e disse que “não era deputado” para falar sobre o assunto. Depois, afirmou ser necessário “esperar as investigações”.
A postura não é muito diferente da base governista na Alerj. Para não se indispor nem com Castro, nem com Bacellar, os deputados adotaram o silêncio e a cautela pra tratar da prisão. Alguns, segundo interlocutores, preferiram até mesmo procurar se abster das decisões.
Foi o caso de Fred Pacheco (PMN), próximo do governador e do mandachuva da Alerj. Antes do adiamento da CCJ, na sexta (5), o parlamentar, vice-presidente da comissão, afirmou que não participaria da reunião por ter já um compromisso marcado.
“Por integrar a CCJ e considerando a sensibilidade do tema, o deputado entende que não é adequado antecipar qualquer manifestação antes da deliberação do colegiado. Ele ressalta, de maneira objetiva, que não participará desta reunião específica por já ter um compromisso externo previamente agendado. A responsabilidade institucional exige que o debate ocorra no momento e no espaço apropriados, garantindo o devido cuidado ao processo”, disse a assessoria do deputado.
Nos bastidores, porém, o que foi dito é que Pacheco optou por não se comprometer com nenhuma das partes. A expectativa é que mais deputados adotem essa postura.
O pano de fundo para adiar a CCJ — e até a demora para iniciar o rito que definirá se Bacellar continuará ou não preso — é o receio de eventuais represálias do chefe da assembleia caso ele retome o mandato e o constrangimento de revogar a detenção de alguém cuja acusação é ligada ao crime organizado. Nesse sentido, não acelerar o processo parlamentar é uma maneira de a Casa ganhar tempo e “diminuir a fervura”, segundo avaliam fontes do Legislativo estadual.
Ainda não há consenso do que será decidido sobre Bacellar. Aliados querem que ele não só reassuma sua cadeira na Alerj, mas também volte ao comando da Casa. Outros deputados, no entanto, preferem que ele só retome o mandato, mas fique longe da presidência.
Fonte: Valor Econômico
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