Menos de 1% do orçamento do estado está destinado ao combate à fome no PLOA do Governo para 2026
Enviado Sexta, 17 de Outubro de 2025.Esse dado foi um dos principais pontos debatidos na audiência pública realizada pela Comissão da Alerj de Segurança Alimentar.
Estudo apresentado pela pesquisadora e analista de assuntos relativos ao orçamento e finanças públicas estaduais, Camila Callegario, mostra que o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2026, de autoria do Governo do Estado, prevê um orçamento de menos de 1% destinado à segurança alimentar. Os números foram apresentados na audiência pública da Comissão de Segurança Alimentar, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realizada nesta quinta-feira, na sede do Parlamento.
“O PLOA prevê uma receita total de R$107.636.470.661 e despesa da ordem de R$126.571.671.020, com um déficit orçamentário de R$18.935.200.359. Em relação ao programa de Segurança Alimentar e Nutricional, o projeto prevê para 2026 o recurso de R$ 258.313.539, ou seja, apenas 0,2% do total. Esse número é ainda menor do que foi disponibilizado em 2025, que totaliza R$ 262.520.262. E o que foi empenhado até outubro deste ano somou R$ 112.867.88. Vemos uma discrepância do que foi planejado e executado. Falta um estudo mais redondo sobre o tema, porque a segurança alimentar é fundamental para reduzir as desigualdades sociais e aumentar a sustentabilidade do nosso estado”, detalhou Camila.
A deputada Marina do MST (PT), presidente da comissão, reforçou o déficit orçamentário no PLOA e que não há políticas públicas efetivas que priorizem o combate à fome no Rio de Janeiro. “O orçamento de um estado materializado na LOA é o seu principal instrumento de planejamento das políticas públicas. E é por meio deste planejamento que o governo, ainda no ano anterior, estima as receitas que serão arrecadadas e define como serão distribuídos os gastos e despesas, conforme as prioridades da sua gestão. O Rio vem vivendo uma situação de crise há anos, com alguns momentos de alívios, mas sem solução estrutural no combate à fome. Temos visto uma década de dificuldades financeiras”, comentou.
Ela sinalizou com a possibilidade de propor um projeto de lei para que o governo envie à Casa o PLOA com o orçamento de segurança alimentar já definido, prevendo recursos adequados e suficientes para atender à população, em especial as pessoas de baixa renda. Além disso, cobrar o empenho orçamentário destinado a outras áreas como a pesca.
Mais de dois milhões de pessoas convivem com insegurança alimentar no estado
A parlamentar observou, ainda, que o Rio de Janeiro segue dependente de acordo com a União. “Ao olharmos para o PLOA enviado à Casa para 2026, o estado ainda não consegue arrecadar o suficiente para os seus gastos, mostrando um déficit de cerca de 19 bilhões para o ano que vem. O uso inteligente dos recursos se torna fundamental para valorizar e proteger as políticas públicas que garantem direitos básicos à população mais vulnerável, como a segurança alimentar. Segundo pesquisa realizada em 2022 pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), mais de 2,3 milhões de pessoas convivem com insegurança alimentar no estado. Isso equivale a aproximadamente 15% da população”, salientou.
Para a representante do Conselho Regional de Nutrição, Susana Padrão, as emendas parlamentares representam o caminho para melhorar a verba destinada à segurança alimentar: “Sem recursos orçamentários e financeiros não produzimos políticas públicas de segurança alimentar. Com elas, é possível alocar recursos para minimizar esse problema, e evidentemente que vamos acompanhar o uso da verba para saber se foi bem utilizado”.
Já a presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Município do Rio de Janeiro, Renata Machado, destacou que o governo precisa priorizar recursos para o combate à fome. “Se a segurança alimentar é uma prioridade do governo, precisa ser prioridade também no orçamento. Política pública necessita de investimento e o Governo do Estado tem que fazer a sua parte. E a divergência do que foi previsto e o que foi empenhado na segurança nutricional, que observamos no estudo apresentado aqui, é muito séria, porque isso faz com que o orçamento vá diminuindo ano a ano. O direito à alimentação é de todos”, finalizou.
Fonte: Alerj