Castro diz que tarifaço mostra 'direita e esquerda fazendo mal ao Brasil'

Enviado Quinta, 21 de Agosto de 2025.

O governador Cláudio Castro afirmou que o tarifaço demonstrou que "a direita e a esquerda estão fazendo mal" ao Brasil, mas criticou o uso do tema pelo presidente Lula (PT) para a recuperação da popularidade. Já o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, eximiu a atuação do mandatário e culpabilizou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). Os comentários foram feitos durante a mesa de debates Diálogos O GLOBO, mediada pela jornalista Vera Magalhães.

Na abertura do debate, Castro criticou a atuação do governo federal sobre o tarifaço, mas afirmou que tanto a ala governista quanto a oposição têm prejudicado o país ao discutir o tema:

— Nós da centro-direita temos uma avaliação de que há por parte do governo federal uma acomodação no combate real a isso, em virtude do que as pesquisas de opinião vêm demonstrando, de crescimento (de popularidade do Lula) após o tarifaço. Não podemos deixar que a política prejudique as pessoas, seja em benefício da esquerda ou da direita. É a polarização mostrando a sua pior face— disse o governador.

Já Jerônimo defendeu o governo e disse que as novas tarifas foram provocadas pela atuação de Eduardo Bolsonaro:

— A meu ver, não se trata apenas de uma sanção política, porque o presidente americano foi contaminado por um deputado eleito pelos brasileiros, e ver um ele ir para outro país bater continência para outra bandeira é muito ruim. Mas não é isso, existe também algo da relação geopolítica — ele explicou.

Questionados sobre a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e o julgamento pelo qual ele responde no Supremo Tribunal Federal (STF), por participação na trama golpista, ambos também divergiram.

— Para mim, isso é uma questão judicial. Só acho que temos que respeitar a Constituição. Não poderia o ex-presidente descumprir uma ordem do Supremo. O STF dá uma ordem e, no dia seguinte, ele vai fazer ato nas redes sociais? Temos que fortalecer as decisões jurídicas. Como foi o Lula quando foi preso, recorreu a todas as instâncias — disse Jerônimo.

Já Castro defendeu anistia ao grupo político e aos presos por participação no 8/1, acrescentando que, na sua análise, não houve tentativa de golpe.

— Quem participou do quebra-quebra tem que ser punido, sim, mas tem pessoas que estavam ali pelo direito de protestar, e para essas pessoas têm que ter uma anistia, sim, para virar a página. Nunca vi golpe sem arma— disse o governador fluminense. — A gente tem que botar mais essa bola no chão. Conversar não é ato real. Chegou a mandar para o Congresso? Então, entendemos aqui que não houve tentativa de golpe.

Perguntado sobre o cenário eleitoral de 2026, o governador do Rio manteve a defesa da candidatura de Bolsonaro, mas, diante de um cenário em que ele permaneça inelegível, disse que apoiará o candidato indicado pelo ex-presidente.

— O nosso grande pleito no PL é Bolsonaro na urna e não ser tirado alguém que, quando é testado em pesquisas de opinião, lidera nelas todas. Lembrando que hoje, ele só estaria fora por conta de uma reunião com embaixadores. — declarou. — A direita tem que fazer o que a esquerda fez em 2018 e seguir o seu líder, caso ele seja condenado e impedido de concorrer.

A jornalista Vera Magalhães também destacou que esse foi o primeiro encontro da série entre um governador do PL e um do PT, reproduzindo a polarização nacional. Diante da proximidade do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos novos arranjos eleitorais, o cenário para 2026 também será discutido, ela explica.

Na última edição, há duas semanas, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e o prefeito de Recife, João Campos (PSB), divergiram sobre a possibilidade de concessão de anistia aos presos pelo 8/1. Antes, os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Piauí, Rafael Fonteles (PT), discordaram sobre os efeitos econômicos provocados pelo tarifaço anunciado por Donald Trump contra os produtos brasileiros. Já na estreia da série, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), convergiram em críticas Bolsonaro (PL), mas destoaram sobre a atuação do presidente Lula (PT).

Fonte: O Globo