Veja as cidades do Estado do Rio com pior colocação no ranking de desenvolvimento da Firjan
Enviado Sexta, 09 de Maio de 2025.Nenhum dos 92 municípios fluminenses recebeu boa avaliação; capital teve a melhor média, enquanto Belford Roxo foi a única classificada com o conceito crítico
Nenhum dos 92 municípios fluminenses foi classificado com grau de desenvolvimento alto, o mais elevado dos quatro níveis do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) de 2023, divulgado ontem pela entidade. O Rio é o único estado do Sudeste que não teve cidades nesse patamar. O estudo analisa dados de estatísticas públicas oficiais de três áreas: Saúde, Educação e geração de emprego e renda.
No novo levantamento, a capital está na primeira colocação no Estado do Rio, posição que mantém desde 2016. No entanto, na lista dos 5.550 municípios brasileiros analisados no estudo, a cidade ocupa o 295º lugar. Na outra ponta está Belford Roxo, na Baixada Fluminense, único do estado a ficar no pior patamar da classificação.
Apenas 20 cidades no Brasil ficaram fora do ranking —por falta de dados —, nenhuma delas no Rio e apenas uma no Sudeste: Serra da Saudade, em Minas Gerais.
— O alto desenvolvimento, como classificamos, ainda é raro no país como um todo. Temos apenas 255 cidades, o que é muito baixo. O desenvolvimento socioeconômico depende de políticas públicas e da continuidade dessas políticas. Temos visto melhora ao longo do tempo no Estado do Rio, um crescimento acima da média do Brasil. Mas ainda há espaço para crescer — observa Marcio Felipe Afonso, especialista em Estudos Econômicos da Firjan.
De acordo com o estudo, o índice médio do estado aumentou 14,2% em comparação a 2013. O crescimento foi impulsionado pela área da Educação, que registrou alta de 33,7%. Já a Saúde teve melhora de 13,2%, e emprego e renda, de 1,6%, índice que ficou acima da média nacional.
O índice de desenvolvimento é elaborado anualmente desde 2008, mas a metodologia atual foi adotada a partir de 2013. São analisados vários dados até chegar a um número para cada uma das áreas e um geral. Esses números vão indicar quatro conceitos: desenvolvimento crítico (entre 0 e 0,4), baixo (entre 0,4 e 0,6), moderado (entre 0,6 e 0,8) e alto (0,8 e 1).
No Estado do Rio, 33 cidades (35,9%) foram classificadas com nível baixo de desenvolvimento e 58 (63%) com o moderado. Uma ficou no nível crítico.
Sexta maior cidade fluminense, Belford Roxo é a única do estado em grau crítico. Ela ainda ficou entre as cinco piores colocadas na Região Sudeste — numa lista de 1.575 municípios. A Saúde foi a que teve menor índice: 0,27.
— O município tem a pior colocação do estado não só no índice geral como é mal posicionado nas três vertentes. O cenário com o maior destaque nos dez anos foi na Saúde. Há menos de um médico (0,7) para cada mil habitantes. Das quatro vacinas do calendário das crianças, a maior taxa de cobertura foi de 33%, quando o ideal é ter 100% — enumera Afonso.
Os moradores são afetados diretamente pela falta de oferta nos serviços básicos. Beatriz Nascimento, moradora do bairro Santa Maria, conta ser mais fácil conseguir atendimento médico em outros municípios.
— É muito difícil aqui, por causa dessa fila do Sisreg. Tudo é essa fila, né? Essa fila, se você estiver morrendo, misericórdia, porque demora mais de um ano — diz.
A comerciante Damiana Lemos também tem críticas quanto à dificuldade no agendamento de consultas. Ela conta que a filha grávida de oito meses não conseguiu sequer fazer os exames de pré-natal:
— Ela foi fazer só agora. Antes não tinha hospital. E, quando consegui, foi no hospital de Vilar dos Teles (em São João de Meriti).
Avó de um menino com transtorno do espectro autista, Damiana ainda vê a família enfrentar dificuldades na Educação.
— Está muito difícil para ele estudar. Não tem professora para acompanhar as atividades. E ele está ficando meio período porque não tem apoio, vai na parte da tarde, às 13h, e às 15h já está em casa — desabafa.
Em nota, a prefeitura de Belford Roxo afirma que a atual administração, ao assumir em janeiro, encontrou o município com uma dívida de R$ 1 bilhão, “além de serviços públicos funcionando precariamente” e que tem “se empenhado para melhorar a qualidade da Saúde e da Educação, inaugurando, reformando e equipando unidades”.
A cidade do Rio tem o melhor índice geral, mas o terceiro na Saúde. Procurada, a prefeitura destaca os esforços na área. Segundo o município, de “2017 a 2020, a cobertura da estratégica saúde da família encolheu de 70% para menos de 40%. A reconstrução da rede municipal foi retomada em 2021 e atualmente está em 75,8%”. Na Educação, a prefeitura destaca o orçamento de R$ 10,6 bilhões e o “alcance do maior Ideb de sua história em 2024”.
A Firjan destaca que dinheiro em caixa não basta para ter um bom índice. Macaé — robusta financeiramente com royalties milionários vindo do petróleo, com arrecadação histórica em 2023 — aparece em quarto lugar, impulsionado pela área de emprego e renda, o maior no estado. Nos índices de Educação e Saúde, no entanto, fica atrás de Volta Redonda, reduto siderúrgico, que ocupa o segundo lugar, e de Itaperuna, na sexta colocação.
Fonte: Extra