Governos têm de assumir rédeas da IA, diz relatório

Enviado Quarta, 07 de Maio de 2025.

Novas tecnologias precisam de ser direcionadas para que ofereçam benefícios coletivos

Em um momento em que a qualidade de vida mundial melhora em ritmo lento, a inteligência artificial tem o potencial de impulsionar o desenvolvimento humano. Mas para isso é necessário que os governantes tomem as rédeas do processo e direcionem as novas tecnologias para que elas ofereçam benefícios coletivos. As avaliações são do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgadas nesta terça-feira no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH).

“Sem ação, nós arriscamos que a inteligência artificial exacerbe desigualdades e o crescimento explorador que caracterizou transições tecnológicas anteriores”, diz o Pnud, em inglês.

Para o relatório anual, o órgão ouviu mais de 21 mil pessoas ao redor do planeta a respeito da inteligência artificial. Os números, segundo o Pnud, “indicam que as pessoas, em todo o mundo, estão prontas para esse tipo de ‘reinício’”.

Entre esses números, estão: aproximadamente 20% já usam inteligência artificial; 60% acreditam que a inteligência artificial impactará positivamente o seu trabalho; cerca de 66% das pessoas que vivem em países com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) esperam usar a inteligência artificial em áreas como saúde, educação ou trabalho no próximo ano.

“Em vez de tentar prever o futuro, os formuladores de política públicas deveriam moldá-lo, fugindo da tentativa de adivinhar como os humanos serão substituídos pela inteligência artificial para ver o que os humanos podem fazer [com a tecnologia].”

Segundo o braço das Nações Unidas, entre as prioridades dos governantes a respeito do tema deveriam estar: a “garantia de que a inteligência artificial seja pró-trabalhador”; o uso de inteligência artificial em setores que “alavanquem” efeitos positivos em outros setores, de maneira a diversificar a economia e a transformar de forma estrutural a criação de empregos; oferecer apoio a trabalhadores prejudicados pela inteligência artificial; modernizar os sistemas educacionais e de saúde, sem ignorar “riscos e preocupações ligados a questões como viés, privacidade, acessibilidade e igualdade”.

O Pnud destaca ainda que a inteligência artificial, ao contrário de tecnologias anteriores, “só requer eletricidade e acesso à internet, tornando mais fácil a sua adoção disseminada”. Mas afirma que é necessário “investir na melhora das habilidades” da população mundial para que todos se beneficiem da nova tecnologia. Em países com IDH muito alto, 67% das crianças têm habilidades básicas de matemática e ciência, enquanto nos países com IDH baixo esse número cai para 4%. No caso de países com renda média-alta, como o Brasil, essa parcela fica em 58%.

Fonte: Valor Econômico