CNJ cria grupo de trabalho para reforma de processo tributário

Enviado Quinta, 10 de Abril de 2025.

Integrantes constam da Portaria nº 96, assinada na noite de ontem pelo ministro Luís Roberto Barroso

O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luís Roberto Barroso, assinou na noite de ontem portaria que cria um grupo de trabalho para a reforma processual tributária, uma etapa necessária para consolidar o funcionamento do sistema tributário a partir da aprovação da Emenda Constitucional nº 132, de 2023, que criou a contribuição (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). A norma ainda não foi publicada, mas já circula entre advogados.

A Portaria nº 96 traz as indicações para o grupo de trabalho. O objetivo dele é a elaboração de um anteprojeto de emenda à Constituição. Ele terá 45 dias a partir da publicação da portaria para apresentar o resultado final dos trabalhos.

Além das mudanças com a reforma tributária do consumo, a criação do grupo para a reforma processual tributária considera que a manutenção da atual divisão de competências entre as Justiças Federal e Estadual “pode gerar dificuldades e lentidão para a uniformização dos entendimentos jurisprudenciais atinentes às controvérsias envolvendo a CBS e o IBS”, segundo consta no texto.

A criação do grupo também tem em vista que as atuais regras de competência sobre a cobrança judicial tributária e as ações de defesa do contribuinte podem gerar dificuldades para o acesso à Justiça quando da efetiva implementação da CBS e do IBS.

Uma reforma no processo tributário já era esperada por tributaristas quando o texto foi aprovado, por causa de algumas diferenças do novo sistema em relação ao atual, já que dois tributos substituirão cinco (ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins) que são cobrados por diferentes entes – Estados, municípios e União.

O grupo será presidido pelo ministro Barroso. Os demais integrantes de tribunais superiores são os ministros Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF) e Paulo Sérgio Domingues, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Também participam do grupo a procuradora da Fazenda Nacional Rita Nolasco, namorada de Barroso. O ministro, porém, não teve participação na escolha de Nolasco como integrante, segundo a assessoria de comunicação do CNJ. A indicação é da Advocacia-Geral da União (AGU), que selecionou os dois coordenadores do Comitê Tributário da Câmara de Promoção de Segurança Jurídica no Ambiente de Negócios (Sejan). Além de Nolasco, também integra o grupo o assessor da AGU para questões tributárias e financeiras, Leonardo Alvim.

Ainda fazem parte do grupo de trabalho a desembargadora Federal Mônica Nobre, conselheira do CNJ, o senador Rodrigo Pacheco, o procurador-geral adjunto da Fazenda Nacional, João Grognet, o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Frederico Mendes Júnior, o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Caio Marinho, a presidente do Colégio Nacional de Procuradores Gerais dos Estados e do Distrito Federal, Inês Coimbra, além de Lilian Azevedo, integrante da Associação Nacional das Procuradoras e dos Procuradores Municipais, e o advogado Heleno Torres.

Fonte: Valor Econômico