Preços dos alimentos estão altos também por falta de planejamento no passado, diz Tebet

Enviado Terça, 01 de Abril de 2025.

Ministra aponta que, além de problemas climáticos, desequilíbrio fiscal levou à alta do dólar

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse nesta segunda-feira, 31, que os preços dos alimentos estão altos não apenas por motivos climáticos, mas também por falta de planejamento no passado, – o que inclui o desequilíbrio fiscal, que leva à depreciação do câmbio.

“É claro que tem fatores climáticos, é claro que tem certas situações – juntou tudo, é café, é ovo, é carne. O café deu um problema no Vietnã, e na nossa safra também. Mas é também porque nós não planejamos no passado”, declarou Tebet.

Excetuando a Embrapa – um “caso de sucesso”, conforme a ministra –, ela questionou o que foi feito, “porteira para fora”, no sentido de reduzir desperdícios de alimentos tanto em supermercados quanto em residências ou para aumentar a produtividade e recuperar pastagens à produção no campo.

Numa crítica ao governo anterior, Tebet também questionou o que foi feito para combater o desmatamento na Amazônia, que causa secas em polos do agronegócio no Centro-Oeste. “O que nós fizemos para, nesses últimos 25 ou 30 anos, nos prevenir em relação às mudanças climáticas?”, acrescentou a ministra.

Ela não ignorou o impacto no câmbio nos preços provocado pelas incertezas em relação às contas públicas ao questionar o que foi feito no campo fiscal para evitar um câmbio tão alto. “Então, isso tem a ver com aquilo que nós deixamos de fazer. Deixamos é passado, agora é hora de fazer”, assinalou. Em novembro do ano passado, a frustração do mercado com o anúncio do pacote de contenção de gastos do governo Lula levou o dólar a subir R$ 0,30 em 48 horas.

Tebet participou da abertura de um seminário, promovido pelo próprio Ministério do Planejamento, que reúne nesta tarde especialistas, autoridades públicas, representantes da sociedade civil, da academia e do setor produtivo para debater um planejamento estruturado para os próximos 25 anos. O evento acontece no auditório da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Essa estratégia, conforme a ministra, tem recortes claros, “para ninguém achar que essa é uma peça de ficção”. Visa objetivos em diferentes prazos: 2035, 2040 e 2050.

O Brasil, pontuou Tebet, precisa enfrentar o desafio trazido por uma população que envelhece. “O problema não é envelhecer, é que nós estamos envelhecendo mal, porque estamos envelhecendo sem ter enriquecido. É diferente da Europa, que enriqueceu antes, depois envelheceu”, declarou.

Governo fará poucos vetos no Orçamento, diz ministra

Tebet disse que são poucos os vetos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará ao Orçamento de 2025. De acordo com ela, os vetos técnicos são muitos, mas que não geram impactos políticos.

“Sobre o Orçamento, são poucos vetos. Tem muito veto técnico, que não dá impacto político, é natural”, disse. Perguntada sobre como sua pasta pretende colocar o programa Pé-d-Meia no Orçamento, a ministra disse que o governo está cumprindo exatamente o que determinou o Tribunal de Contas da União (TCU), que permitiu que o programa fique seis meses fora do Orçamento, mas que no segundo semestre seja colocado para dentro da peça orçamentária.

“Em relação ao Pé de Meia, nós estamos cumprindo exatamente o que determinou o Tribunal de Contas da União. Eles nos deram praticamente seis meses fora do Orçamento, e no segundo semestre, todo o restante do valor vai entrar, nem que a gente tenha que bloquear, tirar dinheiro de um local para colocar recurso para o Pé de Meia”, disse a Tebet, ao afirmar que o Pé de Meia não vai parar.

“O Orçamento é uma peça que veio para ficar, ela não é peça de ficção e todas as despesas estarão dentro do Orçamento e nós vamos cumprir a meta zero.”

Fonte: Jornal Estadão