Reunião de cúpula do G20 já aquece a economia do Rio

Enviado Segunda, 21 de Outubro de 2024.

Marcada para meados de novembro, reunião de chefes de Estado eleva ocupação de hotéis e deve impulsionar a oferta de empregos na cidade

O Rio será palco, em novembro, da 19ª Cúpula de chefes de Estado do G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo, mais União Europeia e União Africana. O evento vai ajudar a dinamizar a economia da cidade neste fim de ano, elevar a ocupação de hotéis e fomentar a contratação de mão de obra temporária.

Segundo o Visit Rio Convention Bureau, haverá 41 eventos na capital fluminense no mês que vem, que podem impactar a economia local em R$ 432,5 milhões. Deste total, R$ 32,6 milhões, com R$ 1,6 milhão em arrecadação de ISS, correspondem somente ao impacto dos 13 eventos relacionados ao G20. Os dados contemplam despesas com hospedagem, alimentação, transporte e lazer, sem considerar geração de empregos, ganhos de fornecedores e outros fatores, o que significa que a cifra pode ser ainda maior.

Além da 19ª Cúpula de chefes de Estado do G20, que será realizada no Museu de Arte Moderna (MAM), em 18 e 19 de novembro, destacam-se as atividades do G20 Social, marcadas para o Boulevard Olímpico, de 14 a 16 de novembro, e do Urban 20, no Pier Mauá (Armazém Utopia), de 14 a 17.

Para a cúpula são esperadas 55 delegações, considerando países-membros, países convidados e organizações internacionais convidadas. Segundo o Itamaraty, o credenciamento está em curso e ainda não é possível precisar o número de participantes.

“Esse impacto na economia local vai desde o táxi, o hotel, o restaurante. Cada pessoa colocada no dia a dia da cidade causa um impacto muito grande. Vão visitar os pontos turísticos, vão sair, vão ao quiosque, vão usar o Uber. É dinheiro novo que vem”, diz Carlos Werneck, presidente-executivo do Visit Rio Convention Bureau.

Ele acrescenta que o Rio possui grande apelo visual e que, por isso, muitas pessoas que trabalham nos encontros chegam acompanhadas das famílias, elevando o número de turistas. “E com isso vem a geração de empregos, que muitas vezes são temporários, mas não deixam de ser empregos que geram renda, geram receita e impostos. E não é toda cidade que tem a condição de receber eventos dessa magnitude.”

Alfredo Lopes, presidente da Hotéis Rio, associação do setor, diz que o G20 já vem impactando a hotelaria durante todo o ano, com diversas reuniões temáticas já ocorridas. “Estamos com média de 72% de ocupação na cidade, somando centro, zona sul e Barra. Agora, a zona sul já está com 86% de ocupação. E a tendência é crescer, porque esse evento tem muitas ramificações. Então, de acordo com nosso levantamento, a gente vai chegar muito próximo na zona Sul de cerca de 95% [com a cúpula]. E a cidade deve subir de 72% para 80%, mais ou menos.

Lopes menciona que os hotéis que devem receber mais hóspedes, como os de luxo da Zona Sul, devem contratar funcionários temporários. “Existe a contratação de extras. Principalmente na área de bares e restaurantes dos hotéis”, afirma. “Eu diria que mais de 600 postos de trabalho vão ser criados nos hotéis. O Fairmont, em Copacabana, tem cerca de 700 funcionários. O Sheraton tem uns 500. Mas eles vão contratar de 5% a 10% disso para a ponta, para atendimento na piscina, bar e restaurante.” Procurados, Fairmont e Sheraton não revelaram seus números.

O hotel Hilton Copacabana, com 327 empregados, abriu 30 vagas temporárias devido aos eventos de novembro. As vagas são para a área de governança e de alimentos e bebidas, que inclui cozinha. Segundo o hotel, os contratados já serão aproveitados paras as vagas temporárias de fim de ano.

“Após a pandemia, estamos vivendo um momento de alta no mercado da hotelaria devido aos grandes eventos que estão acontecendo e outros que estão por vir. Esse cenário contribui com a demanda por novos profissionais, principalmente nesse período de reaquecimento do setor”, diz a diretora de Recursos Humanos, Tereza Guimarães.

Outros setores também aproveitam a ocasião para contratar temporários, incluindo eventos do G20 e para a alta temporada. Promovida pelo Grupo Cataratas, que está à frente de atrações turísticas como AquaRio, BioParque e Paineiras-Corcovado, a feira gratuita de empregabilidade Primeiro Passo terá participação de empresas de diversos setores e ofertará 5 mil vagas. São esperadas 20 mil pessoas no estacionamento do BioParque do Rio em 28 de outubro.

No setor de bares e restaurantes, Pedro Hermeto, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio de Janeiro (Abrasel-RJ), faz uma ressalva. Para ele, embora haja uma expectativa de aumento no movimento nos dias da cúpula, será algo concentrado em algumas regiões da cidade.

Ele lembra que, como será feriado, a tendência é de queda de movimento no Centro do Rio. Mas a expectativa é que a população, sem trabalhar, busque o lazer, sair para comer fora. “Há uma expectativa positiva de aquecimento da economia, sem dúvida”, diz ele, acrescentando que o incremento de receita estimado para restaurantes localizados nas áreas mais comerciais e turísticas, como os da zona sul, é de 20% a 25% no período da cúpula.

Lucas Padilha, presidente do Comitê Rio G20, explica que embora a cúpula não tenha a magnitude de um evento como a Eco 92, ou o Rio+20, de 2012, em termos de quantidade de países participando, ela reúne mais chefes de Estado das maiores economias do mundo.

“É um fórum que reúne, por exemplo, 270 ministros ao longo de um ano em uma cidade para discutir política fiscal, política de investimentos, política tributária. O G20 torna o Rio de Janeiro uma cidade que fica no mapa do mundo como um destino para tomada de decisão.”

Isso tende a trazer ganhos futuros, frisa Werneck. As perspectivas são animadoras. O levantamento do Visit Rio aponta um crescimento no setor de eventos na cidade de 2023 para 2024. Neste ano, foram realizados 414 eventos até o momento, o que já representa um aumento de 28,17% em relação aos 323 ocorridos em 2023. O público cresceu 71,37%, passando de 2 milhões de pessoas para quase 5 milhões.

Entre os eventos do 2024, estão aqueles relacionados ao G20 que ocorreram ao longo do ano, mas também shows, como o da Madonna, realizado na praia de Copacabana, em maio. Em termos de receita gerada, o aumento foi de 12,27%, com um total de mais de R$ 6,42 bilhões em 2024. “A expectativa é que o G20 impulsione ainda mais essa visibilidade e contribua para um futuro ainda mais promissor”, diz Werneck.

Fonte: Jornal Valor Econômico