RJ terá 91% da produção de petróleo nacional em 2025

Enviado Terça, 11 de Julho de 2023.

De 23 plataformas contratadas pela indústria para o período de 2023 a 2028, 19 ficarão no Estado, diz anuário da Firjan

O peso do Estado do Rio de Janeiro na produção nacional de petróleo irá crescer nos próximos dois anos e, posteriormente, recuar até o fim da década. A participação percentual do Estado do Rio na produção de petróleo nacional, estimada em 87% para 2023, deverá atingir 91% em 2025, e começar a cair a partir daí, chegando ao patamar de 86% em 2030, com a recuperação da Bacia de Sergipe-Alagoas. As projeções constam do “Anuário do petróleo no Rio de 2023”, que a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) lança nesta terça-feira, 11.

A hegemonia dos poços fluminenses se reflete no número de plataformas já contratadas pela indústria petrolífera para o restante da década. Entre 2023 e 2028, a expectativa é de que campos fluminenses recebam 19 dos 23 sistemas de produção confirmados. Os quatro restantes serão destinadas a outros Estados. Com isso, a produção nacional deverá saltar da média atual de três milhões de barris de óleo por dia para volumes superiores a 5 milhões até 2029.

No mesmo horizonte de tempo, o volume de petróleo produzido em águas fluminenses - em especial se o processo de revitalização da Bacia de Campos ocorrer conforme o planejado - pode alcançar 4,8 milhões de barris diários, destaca o primeiro vice-presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.

“Precisamos adicionar novas reservas não só para manter o nível de três milhões [de barris de óleo no país] como para crescer”, esclarece Karine Barbalho Fragoso, gerente de Petróleo, Gás e Indústria Naval da Firjan.

Na comparação entre 2022 e o ano anterior houve incremento nas reservas provadas do país. O levantamento da Firjan mostra que as reservas comercialmente viáveis do Rio de Janeiro cresceram 14% em 2022, na comparação anual, totalizando aproximadamente 12 bilhões de barris. No Brasil, as reservas aumentaram 11% no período para o patamar de 14 bilhões de barris.

Com novas frentes de produção e principalmente a recuperação de campos já em operação, a produção média diária na Bacia de Campos tem potencial para crescer do nível de 600 mil barris, registrado em meados de 2022, para 900 mil nos próximos anos, de acordo informações da Petrobras publicadas no anuário.

Apesar da tendência ascendente no volume produzido no Rio, a perfuração de poços exploratórios em águas fluminenses - aqueles abertos com o objetivo de descobrir campos ou jazidas novas de petróleo - vem caindo. Em 2011, o último pico de perfurações na região, o total chegou a 75 poços exploratórios. Já no ano passado o número foi de sete.

Coordenador da Divisão de Conteúdo Estratégico de Petróleo, Gás e Indústria Naval da Firjan, Fernando Luiz Ruschel Montera explica que o decréscimo se deve ao maior conhecimento geológico do pré-sal. A contribuição do Estado do Rio para a produção nacional de petróleo, que deve fechar o ano em 87%, era de 75% em 2019.

Ao longo dos próximos anos, os operadores independentes tendem a ganhar mais peso nacionalmente. Estimativa da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP) projeta que o total de óleo e gás produzido por estes operadores pode atingir o patamar de 500 mil barris por dia em 2029, o que significaria cerca de 10% da produção nacional. Atualmente, esse total está em torno de 150 mil.

A Firjan calcula que dos mais de R$ 195 bilhões em royalties e participação especial gerados a partir da produção local de petróleo entre 2020 e 2022, dos quais aproximadamente 50% (R$ 97 bilhões) foram creditados para a União e para outros Estados.

A edição deste ano do anuário destaca ainda o papel da indústria petrolífera num contexto local e mundial de transição para uma matriz energética de baixo carbono. “O mundo ainda precisa muito do petróleo e de seus derivados”, diz Karine Barbalho. “Não é um jogo de zero ou um. Precisamos do gás, por exemplo, para dar uma base firme aos renováveis quando não venta ou não faz sol”, acrescenta a gerente da Firjan.

 

Fonte: Jornal Valor Econômico