Atualização da tabela de IR
Enviado Quarta, 03 de Agosto de 2022.O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) prometeu ontem incluir na previsão orçamentária de 2023 uma atualização da tabela do Imposto de Renda. A medida foi um dos compromissos de campanha em 2018 que não foram cumpridos pelo presidente.
“Havia um compromisso nosso de mexer na tabela, buscar uma atualização. Veio a pandemia, aí foi uma desgraça para a gente. Assim como muitas coisas, algumas coisas não consegui botar para frente”, afirmou Bolsonaro, em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre.
Segundo ele, a atualização já foi acertada com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Bolsonaro, porém, não antecipou detalhes.
“Já está conversado com o Paulo Guedes, vai ter atualização da tabela de Imposto de Renda para o próximo ano, está garantido já. Não sei o percentual ainda, mas vamos começar a recuperar isso daí, porque está virando na verdade o imposto de renda um redutor de renda, e não uma tabela”, afirmou. “Já entra aqui na lei de diretrizes orçamentárias, nisso tudo, essa questão de uma correção da tabela de imposto de renda para o próximo ano.”
Atualmente, quem recebe a partir de R$ 1.903,99 é obrigado a pagar o imposto. Segundo o Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil), a defasagem da tabela do IR em relação à inflação oficial medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) já alcança 24%, maior patamar da série histórica iniciada em 1996.
A dois meses das eleições, o presidente também admitiu durante a entrevista que tem cobrado o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, para que a Petrobras reduza o preço dos combustíveis. O movimento se soma a declarações públicas dirigidas ao presidente da estatal, Caio Mario Paes de Andrade, que já assumiu o cargo, no final de junho, pressionado a reduzir os valores praticadas nas refinarias.
“Eu perturbo todo mundo, eu tiro print [cópia] aqui do preço do Brent e mando para o ministro de Minas e Energia, mando para outras pessoas interessadas na questão energética no Brasil, mando o preço do dólar para mostrar ‘ó, estou de olho, você tem que tomar providência’”, relatou Bolsonaro.
Com os contratos futuros do petróleo em queda, Bolsonaro, vê margem para outra diminuição nos preços no Brasil.
“O Brent ontem [segunda-feira] lá fora caiu na casa dos US$ 100. É sinalizador que você pode diminuir novamente o combustível na Petrobras, quem sabe o diesel. Isso não é bola de cristal. Se o dólar cai, a tendência é cair também”, reforçou.
Apesar de manter o discurso de não interferência na Petrobras, o presidente já antecipou informações a apoiadores sobre movimentos da estatal. Logo após Andrade assumir a presidência, Bolsonaro afirmou horas antes do anúncio de queda nos preços que os brasileiros teriam uma “boa notícia” sobre combustíveis.
Diferentemente da gasolina, que além de redução nas refinarias também sofreu impacto pela redução de ICMS, o preço do diesel teve pouca alteração na bomba porque o custo do produto no mercado externo aumentou, como reflexo da escassez provocada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. O diesel também não teve impacto na redução de ICMS porque a alíquota praticada pelos Estados já ficava abaixo do limite imposto agora pelo Congresso.
Fonte: Valor Econômico