Castro e Freixo estão em empate técnico no Rio

Enviado Terça, 16 de Agosto de 2022.

Campanha começa com grande número de eleitores ainda sem candidato definido

Depois de três governadores não terminarem seus mandatos - por renúncia, prisão ou cassação -, o Rio dá início hoje à campanha com cenário indefinido. O atual mandatário, Cláudio Castro (PL), aparece com 21% na pesquisa divulgada ontem pelo Ipec, em empate técnico com o deputado federal Marcelo Freixo (PSB), que tem 17%.

O dado que deixa o jogo em aberto é a superlativa soma de votos em branco, nulos e eleitores indecisos: 41%, num indicativo de que a eleição ainda não está definida, ao contrário da corrida presidencial. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.

Apesar de serem, respectivamente, aliados dos presidenciáveis Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Castro e Freixo têm posturas diferentes até aqui em relação a eles: Castro esconde o presidente, enquanto Freixo evoca o petista a todo instante. A nacionalização do pleito será algo constante na campanha do candidato do PSB, que aposta na associação a Lula para conquistar os mais pobres.

A pesquisa ouviu 1.200 pessoas entre os dias 12 a 14 de agosto em 37 cidades. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no TRE-RJ sob o protocolo RJ-08527/2022 e no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo BR-03082/2022.

Além dos líderes, pontuaram Rodrigo Neves (PDT), 5%; Wilson Witzel (PMB), 4%; Cyro Garcia (PSTU), 3%; Eduardo Serra (PCB), 3%; Juliete Pantoja (UP), 3%; Paulo Ganime (Novo), 1%, e Luiz Eugênio (PCO), 0%. Milton Temer (Psol) foi incluído na pesquisa antes de sua desistência.

Neste primeiro dia de busca oficial por votos, tanto os primeiros colocados quanto o terceiro, Rodrigo Neves (PDT), que tem 5% na pesquisa do Ipec, participarão de solenidades religiosas antes de partirem para locais populosos e simbólicos. Castro e Freixo escolheram a Baixada Fluminense - o governador já é forte por lá e quer consolidar esse domínio, enquanto o deputado ainda precisa ganhar a confiança dos moradores da região. As agendas se darão de forma simultânea, às 11h, em dois calçadões populares: o de Nova Iguaçu, no caso do atual governador, e o de Duque de Caxias, no do deputado.

Neves, muito ligado a Niterói por causa dos mandatos à frente da administração da cidade, irá a Madureira, tradicional bairro da zona norte da capital, com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), que tem no bairro uma de suas fortalezas políticas. A campanha do pedetista aposta no apoio de Paes para se tornar mais conhecido na cidade do Rio e alavancar a candidatura.

Além de destacar o cenário estável de Castro e Freixo na liderança, o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio, observa a possibilidade de surpresas até outubro, por causa dos 41% de brancos, nulos e indecisos. “Uma parcela muito grande da população ainda não tem intenção de votar em um dos candidatos. Esse jogo ainda está muito aberto. Poderá haver mudanças no quadro, principalmente mais para o fim da campanha”, diz.

O primeiro debate entre os candidatos, no dia 7, deu o tom do que deve dominar a eleição. Castro pintou Freixo como despreparado por nunca ter ocupado cargo no Executivo, enquanto o deputado federal criticou o atual governo, dando destaque para o suposto esquema de cargos secretos na fundação Centro de Estudos e Pesquisas do Rio de Janeiro (Ceperj), que veio à tona no mês passado.

Após o histórico recente de ex-governadores presos ou afastados, o caso Ceperj fez o tema da corrupção voltar à tona no Rio. Depois de reportagens do portal “UOL”, o Ministério Público se debruça sobre supostas irregularidades no governo Castro. Funcionários eram contratados por fora da transparência pública e sem contrato de trabalho na fundação. Recebiam apenas ordens bancárias e sacavam os salários “na boca do caixa” - mais de R$ 200 milhões foram desembolsados este ano, segundo informações do Bradesco fornecidas ao MP. Novas revelações têm saído a cada dia, o que liga um alerta na campanha do governador, que ainda não foi atingido pelas denúncias.

Fonte: Valor Econômico